Para deputados, gerente da Olvepar se complicou

Para os deputados que integram a CPI da Copel/Olvepar, o gerente da massa falida da Olvepar para Paraná e Santa Catarina, Antônio Carlos Brasil Fioravante Pieruccini, assumiu sua participação nas operações irregulares de compra de créditos de ICMS por parte da Copel. “Ele tem o direito de silenciar nas perguntas. Mas algumas coisas levantadas aqui e a omissão dele indicam seu envolvimento no caso. A coisa aqui é muito séria e os indícios contra esse senhor são muitos”, afirmou o presidente da comissão, deputado Marcos Isfer (PPS).

“Ou ele sofre de amnésia ou tem algum problema mental”, ironizou o deputado Tadeu Veneri (PT), relator da Comissão de Créditos da Assembléia. Responsável pelo recebimento e pagamento a credores da massa falida da Olvepar, Pieruccini é uma peça- chave no esquema Copel-Olvepar. O ex-gerente prestou depoimento à CPI acompanhado de seu advogado e, na maioria das perguntas, fez valer seu direito ao silêncio de responder apenas em juízo. Os deputados fizeram vários questionamentos sobre o recebimento do dinheiro na Copel, sobre o depósito dos cheques e sobre os beneficiados. Pieruccini se esquivou de quase todas as explicações. “Ele tinha uma lista de credores prioritários mas não obedeceu essa lista. Dividiu o pagamento em diversos cheques e fez o pagamento para uma série de empresas que ele diz não lembrar”, afirmou Veneri.

Os R$ 39,6 milhões pagos pela Copel à Olvepar foram diluídos em dezenas de cheques depositados em agências do Banco do Brasil (BB) e do Itaú. No Banco do Brasil, Peiruccini fez três depósitos nos dias 6, 13 e 20 de dezembro. Em uma das poucas respostas que deu, o ex-gerente se confundiu e disse que o depósito teria sido feito no dia 19. O erro foi apontado pelo deputado Tadeu Veneri. “O senhor leva

R$ 6,5 milhões ao banco às 18h30 da tarde, quando a agência deveria estar fechada, deposita e não lembra em nome de quem depositou?”

A procuração para agir em nome da Olvepar também provocou dúvidas nos deputados. Em seu depoimento ao Ministério Público, Pieruccini diz que iniciou os depósitos no dia 5, enquando a procuração da Olvepar chegou apenas no dia 6.

De praia

Pieruccini também negou qualquer participação do doleiro Alberto Youssef nas transações. Apesar da divulgação da fita de controle interno do BB que mostra o ex-gerente, Youssef e o ex-coordenador de gestão financeira da Copel, André Grocheveski, conversando dentro do banco, Pieruccini foi taxativo. “Encontrei Beto Youssef por acaso”, disse ele, que confirmou ter uma boa relação com o doleiro. “Somos amigos de praia. Ele é meu vizinho em Itapoá, mas nunca conversamos de negócios.”

O presidente da CPI, Marcos Isfer, disse que vai pedir ao Judiciário a quebra do sigilo bancário de mais três envolvidos no caso da Olvepar. São eles o empresário Milton Marchielli, diretor da Olvepar; a operadora logística Sulgarin e a Plantarte, que teria levado cerca de R$ 1,2 milhão por ter intermediado o negócio entre Copel e Olvepar. “São três nome relacionados com os depósitos feitos pelo Pieruccini. Essas informações podem ajudar muito nas investigações”.

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