A oposição ao governador Roberto Requião (PMDB) comentou, ontem, as denúncias do Ministério Público Federal por prevaricação e improbidade administrativa contra o irmão do governador, Eduardo Requião (atual secretário Especial de Representação do Paraná em Brasília), ex-superintendente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina, por conta da proibição do embarque de soja transgênica no porto de Paranaguá, determinação que contrariou a legislação federal.
O deputado federal Eduardo Sciarra (DEM) e o deputado estadual Valdir Rossoni (PSDB) destacaram que, mesmo que tardiamente, as suspeitas de irregularidades cometidas por Eduardo na administração dos portos chegou à Justiça.
“Depois do TCU (Tribunal de Contas da União), da Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários), Capitania dos Portos, agora a iniciativa do Ministério Público Federal completa o quadro. Durante todos esses anos as denúncias de má gestão eram rebatidas pelo governo do Estado como ‘conversa de quem quer privatizar o Porto’. Agora, a questão está na Justiça”, comentou Eduardo Sciarra, dizendo acreditar que outras denúncias deverão chegar ao Judiciário. “Agora, a Justiça terá um longo caminho a percorrer, começando pelos transgênicos, passando pela dragagem do Canal da Galheta e chegando até os roedores e pombos que infestam nosso terminal.”
Citado pelo governador como uma das pessoas que atacam o porto porque tem a intenção de privatizá-lo, Rossoni também acredita que novas ações deverão ser movidas contra a gestão de Eduardo.
“Essa denúncia vem ao encontro de tudo o que estamos falando há seis anos. O Eduardo teria de, mais cedo ou mais tarde, ser responsabilizado de todo o prejuízo que causou ao longo desses anos ao porto e à economia paranaense”, disse.
Para Rossoni, a próxima preocupação do Judiciário deveria ser com a dragagem. “Para mim e para a economia paranaense, não importa a que pertença o porto, desde que ele seja eficiente e com preços justos”, completou.
Também ontem, o atual superintendente da Appa, Daniel Lúcio Oliveira de Souza, saiu em defesa de Eduardo e colocar a Appa à disposição do irmão do governador para defendê-lo num eventual processo.
Ele disse que a autarquia sempre cumpriu as determinações judiciais sobre a movimentação de organismos geneticamente modificados (OGMs) no Porto de Paranaguá e argumentou que determinações assinadas pelo ex-superintendente para a operação deste tipo de carga são a principal prova de defesa do ex-superintendente.
“A questão da movimentação de transgênicos está superada há, pelo menos, 3 anos. Foi o próprio ex-superintendente da Appa, Eduardo Requião, quando ainda exercia a função, quem emitiu ordens de serviço para que fosse permitido o embarque de produtos transgênicos. Estou convencido de que esse assunto perdeu seu objeto por estar ultrapassado. Daremos todo o suporte necessário na defesa do dr. Eduardo Requião, que nunca obstacularizou o cumprimento da lei”, disse o superintendente da Appa.