Limpa a pista!

Oposição já defende no Congresso que Palocci deve renunciar

Na escalada de críticas contra o ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, a oposição passou a defender sua saída do governo da presidente Dilma Rousseff. Em manifestações no plenário, o líder do PSDB, Alvaro Dias (PR), e os senadores Jarbas Vasconcellos (PMDB-PE) e Ana Amélia Lemos (PP-RS) defenderam que o ministro deixe o cargo. Palocci está na berlinda devido ao crescimento de seu patrimônio durante 2006 a 2010 que ele atribui a consultorias prestadas no período.

“O governo está contaminado com a sua presença. Pode-se até dizer que a oposição está indo em socorro ao governo ao pedir sua saída porque esse caso está contaminando a administração federal”, disse Alvaro Dias.

Para o tucano, as revelações sobre o faturamento da empresa Projeto, os clientes e a confirmação de cobrança de taxa de sucesso trazem indícios de que o ministro pode ter cometido o crime de tráfico de influência. “É elementar que ele se afaste até o esclarecimento cabal de todas as denúncias. Se absolvido, ele retorna, se condenado paga o que a Justiça decidir”.

O líder tucano destacou que a oposição vai aditar a representação feita contra o ministro na Procuradoria-Geral da República e que busca assinaturas para instalar uma CPI mista sobre o episódio. Amanhã, lideranças de PSDB, DEM, PPS e PSOL farão uma reunião para definir a estratégia para os próximos dias.

Dissidente do PMDB, o senador Jarbas Vasconcellos também falou sobre o tema em plenário. Ele lembrou o caso da quebra de sigilo do caseiro Francenildo Costa e afirmou que o ministro está desperdiçando sua “segunda chance”. Jarbas cobrou que Palocci abra suas contas.

“O Ministro da Casa Civil não pode mais se esconder detrás de uma cortina de ferro, da cláusula de confidencialidade exigida pelos clientes para os quais ele prestou consultoria. Esse segredo não é do interesse público e, portanto, mantê-lo é incompatível com a permanência de Palocci na Casa Civil”, afirmou o peemedebista.

Ana Amélia citou a necessidade de transparência sobre os negócios do ministro. Lembrou que sob a presidência de Itamar Franco o então chefe da Casa Civil Henrique Hargreaves foi afastado do cargo quando estava sob suspeição, tendo retornado após ter provado sua inocência. “Depois do esclarecimento, Hargreaves voltou muito mais fortalecido. Agora, da mesma forma, se poderia esperar que a presidente Dilma preste a esta Casa os esclarecimentos deste caso para não pairar nenhuma dúvida”.

Renúncia

O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) anunciou em Plenário, nesta segunda-feira (23), a realização de reunião entre lideranças de partidos de oposição do Senado e da Câmara para iniciar a coleta de assinaturas com o objetivo de criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o ministro-chefe da Casa Civil, Antônio Palocci.

Reportagem do jornal Folha de S. Paulo apontou aumento do patrimônio de Palocci em 20 vezes durante os quatro anos em que foi deputado federal (2006-2010). Ele adquiriu, de acordo com a Folha, um apartamento de luxo em São Paulo por R$ 6,6 milhões, além de um escritório de R$ 882 mil, hoje administrados pela empresa de consultoria Projeto, também de sua propriedade. Durante quatro anos como deputado, Palocci obteve como ganhos salariais o valor total de R$ 974 mil.

Na avaliação de Alvaro Dias, não há como os partidos de oposição não buscarem o esclarecimento do crescimento patrimonial e das denúncias contra Palocci, sobretudo pelo fato de exercer cargo público, tendo, portanto, a obrigação de dar explicações à população.

“É evidente que se torna inquestionável a necessidade de transparência em relação às denúncias veiculadas pela imprensa do país”, disse o líder do PSDB.

Alvaro Dias criticou ainda a tática adotada pelo governo, de ameaçar parlamentares da base com a perda de cargos na administração federal, caso assinem o pedido de instalação da CPI.”Esta prática já é conhecida: passar a mão na cabeça da desonestidade e blindar os eventuais desonestos. Há uma máquina monumental de blindagem que tenta, no Congresso Nacional, impedir a fiscalização eficiente e a investigação indispensável quando as denúncias são consistentes”,  afirmou.

Em aparte, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) disse que apoia a criação da CPI, mesmo considerando remota a possibilidade de sua instalação. O senador João Pedro (PT-AM), por sua vez, defendeu a inocência do ministro Antonio Palocci, pedindo aos partidos de oposição que aguardem manifestação do Ministério Público sobre as explicações prestadas por Palocci.