Oposição ainda acredita na virada nas eleições

As duas principais candidaturas de oposição ao prefeito Beto Richa (PSDB), em Curitiba, ainda apostam no potencial de transferência de votos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do governador Roberto Requião (PMDB) para reduzir a distância entre o tucano e Gleisi Hoffmann (PT) e Carlos Moreira Junior (PMDB).

Peemedebistas e petistas continuam acreditando que essa conexão vai funcionar e poderá alterar a tendência de vitória de Beto no primeiro turno da eleição de 5 de outubro. A confiança se baseia em pesquisas internas que mostram Requião e Lula bem avaliados pela população da cidade.

Depois de disputar três eleições à Prefeitura da capital, o deputado federal Ângelo Vanhoni (PT) é enfático. “Ninguém pode dizer que o apoio do Lula à Gleisi não está funcionando. O que acontece é que esse processo é gradativo. Ainda temos mais de trinta dias de campanha pela frente e tudo pode acontecer. E nossa candidata está em ascensão”, afirmou o deputado petista.

Para Vanhoni, há um fator que não pode ser desprezado na hora de medir o grau de interferência das lideranças nas disputas locais. “O nível de conhecimento pelo eleitor dos dois candidatos ainda é baixo. Esse é um processo didático e vai se dando ao longo da campanha”, comentou. Para produzir os efeitos esperados, Vanhoni acredita que a associação com o governo federal tem que ser mediada pelos instrumentos de campanha. “A transferência não é automática. A propaganda e os programas de televisão são fundamentais para fazer essa mediação”, assinalou.

Agência Senado
Osmar Dias: Lula não é candidato.

O deputado federal Dr. Rosinha acha que o apoio de Lula corresponde às expectativas, ainda que não tenha atingido seu ponto mais alto. Rosinha também cita que o fato de Gleisi não ter alto índice de conhecimento entre os eleitores atrasa a repercussão do apoio de Lula. “No início da campanha, tínhamos números mostrando que 48% dos eleitores não conheciam a Gleisi. Logo depois, após alguns programas falando das ações do governo federal, a Gleisi subiu. O governo é bem avaliado em Curitiba e dará frutos”, comentou.

No PMDB, a confiança sobre o impulso do apoio de Requião é menor. O vice-presidente estadual do partido e líder do governo, Luiz Claudio Romanelli (PMDB), diz que o governador tem um estilo personalista que atrapalha a transferência de votos. Principalmente, quando o candidato é quase que completamente desconhecido do eleitor e o índice de aprovação do adversário atingiu patamares altos. “O Moreira não é um personagem próximo à população curitibana. Então, por mais que o governador apareça, é mais difícil o eleitor somar uma coisa com a outra”, avaliou.

Para Romanelli, entretanto, há outro componente que não pode ser desprezado. Nos dois últimos anos, o governador tem sido alvo de ataque sistemático da oposição que teria afetado seu poder de fogo como cabo eleitoral. “O processo de desconstrução da imagem do governador feito pelos “capadócios” bloqueou um pouco da capacidade de transferência do governador”, disse.

Arquivo
Romanelli: estilo que atrapalha.

O senador Osmar Dias (PDT), que apontou o apoio de Lula a Requião no segundo turno da eleição de 2006 como um dos fatores preponderantes para sua derrota na disputa, acha que eleição municipal não é um bom terreno para testar o poder de influência do governador e do pr,esidente. “A eleição é local. A influência de um líder de fora é muito pequena. A relação do eleitor é direta com o candidato.

Minha eleição era de abrangência estadual. A situação era diferente. Porque o Lula era candidato e ele pedia o voto para ele também. Agora, ele não é candidato”, comparou.

Já no caso da candidatura de Moreira, Osmar vê outras razões para o apoio do governador não refletir no desempenho do candidato. “O Requião tem dificuldade histórica de transferir votos. É claro que mesmo assim poderia estar influenciado mais na eleição do seu candidato. Mas é que o grau de satisfação da população com a administração do Beto quase impossibilita isso”, disse.

Por mais que o cabo eleitoral seja o presidente ou o governador, Osmar vê limites na influência dos cabos eleitorais. “Essa história de que eu elegi fulano, eu ganhei a eleição para siclano, é bobagem. Quem apóia ajuda. Mas quem ganha ou perde a eleição é o candidato”, resumiu o senador do PDT.