MPF denuncia mulher de Paulinho da Força à Justiça

A mulher do deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), Elza Pereira, passou a constar ontem na lista de denunciados à Justiça pelo esquema descoberto na Operação Santa Tereza. Além dela, o Ministério Público Federal (MPF) incluiu na denúncia o ex-prefeito do município paulista de Praia Grande Alberto Mourão e mais duas pessoas. Outra alteração são as novas acusações contra quatro réus no processo, entre eles o advogado Ricardo Tosto.

 

O MPF acusa Elza de permitir que João Pedro de Moura, réu no processo desde a primeira denúncia, oferecida em maio de 2008, depositasse R$ 37,5 mil na conta corrente da organização não-governamental (ONG) Meu Guri, presidida por ela. O montante teria sido desviado de contratos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) com a prefeitura de Praia Grande e as Lojas Marisa. Por esse episódio, os dois são acusados de lavagem de dinheiro.

Contra Mourão o MPF apresentou conversas interceptadas que revelaram a participação dele em reuniões com outros alvos da operação. Nelas, ele teria autorizado o desvio de 2% da verba de financiamento de R$ 130 milhões destinada pelo BNDES à prefeitura. Segundo a denúncia, Mourão teria ainda viajado ao Rio de Janeiro com quatro passagens pagas pelo dono da suposta casa de prostituição WE, Manuel Fernandes de Bastos Filho.

O ex-assessor de Mourão, Jamil Issa Filho, teria intermediado a compra dos bilhetes. Em razão disso, Jamil e Bastos Filho, que já eram réus no processo, foram denunciados agora por corrupção ativa. O ex-prefeito poderá responder por corrupção passiva e peculato – subtração de verba pública em proveito próprio.

Ex-conselheiro do BNDES, Tosto passou a ser acusado também por lavagem de dinheiro. O MPF apurou que ele recebeu quatro cheques no valor total de R$ 182 mil. Dois deles teriam sido depositados na conta corrente do advogado como “pagamentos de honorários advocatícios” e os demais, na da empresa Millenium de Investimentos Imobiliários, para o pagamento do aluguel do escritório de Tosto. O dinheiro seria fruto de recursos do BNDES.

Prostituição

Os outros dois novos denunciados são o presidente da ONG Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Pesquisa Política, Social e Cultural do Trabalhador, Wilson Carvalho de Oliveira, e Felício Makhoul. O primeiro, segundo o MPF, ganhou três cheques, que somam R$ 182 mil, de Marcos Mantovani, correntista da Progus, empresa responsável por emitir notas fiscais frias para a quadrilha. O segundo é dono do prédio que abriga o Flat Imperial, onde moravam garotas de programa exploradas na WE, e recebia R$ 30 mil de aluguel por mês, de acordo com informações do MPF.

Todo o esquema que culminou na Operação Santa Tereza, deflagrada pela Polícia Federal (PF), começou a ser investigado em 2007. O foco inicial era a verificação da denúncia de que havia exploração de prostituição na WE, situada no bairro Bela Vista, centro de São Paulo. Durante os trabalhos, foi descoberto o desvio de recursos liberados pelo BNDES para o financiamento obras da prefeitura de Praia Grande e para a rede de lojas Marisa.