Morre Enéas Faria, ex-senador do Paraná

O ex-senador Enéas Faria morreu ontem, em Curitiba, aos 63 anos, de insuficiência respiratória. Há anos ele lutava contra um câncer de pulmão. Faria foi senador entre 1982 e 1986, ocupando a vaga de José Richa, também falecido, quando este assumiu o governo do Paraná, em 1983. Profissional da área de comunicação, Faria, que foi um dos garotos-propaganda mais conhecidos do rádio e da tevê paranaense, participou da fundação do MDB no Estado em 1966.

Dois anos depois, foi eleito vereador de Curitiba e reeleito em 72. Na eleição de 74, quando ocorreu o grande “boom” do MDB, ele recebeu a maior votação proporcional da história paranaense como deputado estadual, com 84 mil votos. Em 78, concorreu numa das sublegendas do PMDB ao Senado, ficando como suplente de José Richa. Foi primeiro-secretário do Senado entre 1985 e 1986. Ele e Ney Braga foram os únicos paranaenses a exercer o cargo até hoje. Além disso foi membro titular das comissões de Constituição e Justiça, de Relações Exteriores e de Municípios e suplente das comissões de Agricultura e de Serviço Público.

Em 88, candidatou-se à Prefeitura de Curitiba pelo PTB, mas acabou desistindo em favor de Jaime Lerner, que se elegeu na famosa “campanha dos 12 dias”.

Enéas Faria abandonou a vida pública em 1996 e voltou a se dedicar às atividades no rádio, jornal e televisão, com programas jornalísticos em que a política era o tema central. Atualmente trabalhava na Helisul Serviços Aéreos.

Filiado ao MDB, e posteriormente ao PMDB, na maior parte de sua vida pública, Faria lutou pela redemocratização do País, como no movimento das Diretas Já.

No dia 28 de junho passado, recebeu o título de Vulto Emérito da Câmara Municipal de Curitiba, pelos “bons serviços prestados às comunidades curitibana e paranaense, nos seus anos de vida pública”. Na ocasião, ele se disse feliz por ter começado como vereador e destacou que, nos cargos que ocupou, “aprendeu sempre lições de amor, orgulhando-se por ter pautado sua vida pública na honestidade, seriedade e caráter”.

Entre as autoridades e personalidades que compareceram ao velório na Câmra Municipal de Curitiba estavam o prefeito Cassio Taniguchi (PFL), o vice-prefeito Beto Richa (PSDB), senador Alvaro Dias (PSDB), Rubens Bueno (PPS) e o deputado federal Gustavo Fruet (PMDB), além de vereadores e lideranças de diversos setores.

Perda

Um das últimas aparições públicas de Enéas foi há poucas semanas, quando participou de um encontro com os fundadores e dirigentes do antigo MDB, promovido por Sílvio Sebastiani. Os participantes do evento terminaram assinando um manifesto de apoio à candidatura de Beto Richa à Prefeitura de Curitiba. Comovido com a morte do antigo correligionário de seu pai, o candidato Beto Richa lamentou profundamente a perda de uma figura “que sempre pautou sua vida na luta pelas boas causas e pela defesa da democracia”.

O deputado federal Gustavo Fruet (PMDB), lembrou que Eneás e seu pai, Maurício Fruet, morto há seis anos, fizeram política juntos, foram vereadores de Curitiba na mesma ocasião e tiveram papéis marcantes na geração que criou a oposição no Estado, na década de 60: “Enéas foi decisivo para a eleição de José Richa ao Senado em 1978 e representou um importante momento para o Paraná, quando ocupou a 1.ª secretária do Congresso Nacional”.

O candidato do PPS à Prefeitura, Rubens Bueno, afirmou que Enéas “teve um papel na resistência ao regime militar. Lembro-me que, ainda estudante, ele já era vereador e logo depois iniciou vôos mais altos. É de uma geração de homens públicos que muito fizeram por Curitiba, como o saudoso Maurício Fruet”.

O presidente da Câmara Municipal de Curitiba, vereador João Cláudio Derosso (PSDB), também lamentou a morte de Enéas, destacando sua atuação na Mesa do Senado, como primeiro secretário.

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