| Foto: Luiz Alves/Agência Câmara |
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| Comando da Câmara caminha firme para ficar sob controle do Palácio do Planalto e, desta vez, também do PT. |
O líder do PSDB na Câmara, Jutahy Magalhães Júnior (BA), anunciou ontem, em Vitória (ES), apoio da maioria do partido à candidatura do deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) à presidência da Câmara. Jutahy disse que ele e seis companheiros, cada um de uma região, fizeram uma consulta a praticamente todos os 66 deputados eleitos. Apuraram que o voto da maioria será em Chinaglia, atualmente líder do governo de Luiz Inácio Lula da Silva na Câmara.
Jutahy, no entanto, não quis citar o porcentual de quem vota no candidato do PT e de quem apóia o outro candidato, Aldo Rebelo (PC do B-SP), também da base do governo, mas tido como um pouco mais independente em relação ao Palácio do Planalto. Ficou claro que a decisão não abrange todo o partido.
Parlamentares do PSDB apressaram-se a dizer que não concordam com a decisão comunicada pelo líder. Sílvio Torres (PSDB-SP), eleito para mais um mandato, chegou a sugerir que a bancada antecipe a eleição do novo líder, para tirar logo Jutahy do posto. Ele disse que a consulta não alcançou todos os deputados.
O deputado eleito Paulo Renato (PSDB-SP) também reclamou. Ele pediu tempo para que a bancada pudesse tomar uma decisão. ?Não podemos tomar nenhuma decisão de afogadilho e não podemos nos sentir pressionados. Essa decisão só pode ser tomada em uma reunião da bancada, convocada especificamente para isso, e não por consultas telefônicas?, argumentou. ?Não acredito que Jutahy atropele a bancada dessa maneira?.
O anúncio da consulta feita por Jutahy foi festejado por Chinaglia. Ao ser comunicado por telefone pelo próprio líder tucano do resultado da pesquisa, o petista respondeu: ?Vou pegar um avião e vou para Vitória participar do anúncio?. E assim fez. Por volta das 17 horas, ele chegou à capital do Espírito Santo, onde já o aguardavam, além de Jutahy, os deputados tucanos Sebastião Madeira (MA), Ricardo Santos (ES) e Nárcio Rodrigues (MG). Também estavam lá o vice-governador do Espírito Santo, Ricardo Ferraço (PSDB), e o prefeito de Vitória, João Coser (PT).
?O PSDB vai respeitar a proporcionalidade, o que já é um compromisso histórico do partido. Por isso, apóia a candidatura de Arlindo Chinaglia?, disse Jutahy. Ele lembrou que, por esse critério, quem deveria indicar o candidato a presidente seria o PMDB, dono da maior bancada (89 deputados contra 83 do PT), mas os peemedebistas abriram mão da disputa. Fizeram um acordo com o PT para que em 2009 lancem o seu candidato.
Em resposta a Jutahy, Chinaglia disse que vai fazer um governo democrático. ?Vou fazer uma administração democrática, com respeito à proporcionalidade legislativa?. Lembrou que o vice-presidente deve ser alguém do PSDB. O nome tucano mais forte para disputar o posto é o de Nárcio Rodrigues, apoiado pelo governador de Minas Gerais, Aécio Neves, também tucano.
Jutahy disse que fez o anúncio do apoio à candidatura de Chinaglia em Vitória porque ele estava de férias no Espírito Santo. ?Decidi fazer a consulta rapidamente para evitar especulações?, disse Jutahy. ?Para tanto, pedi emprestada a Luiz Paulo Veloso Lucas (ex-prefeito de Vitória) a sede do partido. E viemos todos para cá?, afirmou Jutahy, por telefone.
O apoio do PSDB a Chinaglia significa um baque na candidatura de Aldo Rebelo, que contava com o apoio dos partidos de oposição para vencer no plenário. No início da semana Aldo Rebelo fora surpreendido por decisão semelhante do PMDB que, também por maioria, decidiu votar em Arlindo Chinaglia. Juntos, PT, PSDB e PMDB terão 238 deputados a partir de fevereiro. O PP, que elegeu 41 deputados, também tende a ficar com o petista. Neste caso, a vitória de Chinaglia parece tranqüila, porque a eleição estará garantida com 257 votos.