Lula põe cocar e índios defendem a reeleição

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ganhou ontem, do índio Francisco Urbano Pokze, um cocar conhecido por myhara, típico da comunidade Rikbaktsa, do norte do Mato Grosso, feito de penas e pêlos de animais, entrelaçados de algodão. Com o adereço na cabeça, Lula posou para os fotógrafos com um riso constrangido. Foi durante a cerimônia de assinatura do decreto que institui a Comissão Nacional de Política Indigenista, no Palácio do Planalto. Na solenidade, a presidente do Instituto Indígena Brasileiro Warã, Azelene Kaingang, defendeu a reeleição dele.

"Torcemos para que, na próxima gestão, nós estejamos mais uma vez junto com o senhor, com o movimento indígena apoiando o senhor e, quem sabe, na próxima gestão, o senhor assine o Conselho Nacional de Política Indigenista", disse, ao agradecer a assinatura do decreto e salientando que ele revela a disposição do governo de manter um diálogo "franco, aberto e transparente" com as comunidades indígenas. "Mais do que um ato político, isso é um ato de consolidação de uma democracia inclusiva e participativa em nosso país", declarou. A comissão vai preparar a instalação do Conselho Nacional de Política Indigenista, onde serão discutidos os objetivos indígenas a serem adotados pela Fundação Nacional do Índio (Funai).

Normalmente, os políticos evitam, por todos os meios, usar cocar sob a alegação de que dá azar. Os políticos sempre lembram, como exemplo desta tese, os nomes do deputado Ulisses Guimarães e do presidente Tancredo Neves. Ulisses tentou mas não conseguiu chegar ao governo. Tancredo venceu a eleição indireta, mas não tomou posse, pois morreu antes, de diverticulite. O ex-presidente e atual senador José Sarney (PMDB-AP) também evita, por todos os meios, que um cocar chegue perto dele.

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