Lula defende Oriente livre de armas nucleares

Em discurso de saudação ao presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva tratou de temas delicados como direitos humanos, defendeu um Oriente Médio livre de armas nucleares, como ocorre na América Latina, e o direito do povo palestino ter a sua nação ao lado do Estado de Israel. Após destacar que o Brasil tem se empenhado em fortalecer o Mercosul e construir a União de Nações Sul-americanas (Unasul) com “muito diálogo, tolerância e paciência”, o presidente Lula ressaltou que o Brasil está trabalhando para a integração continental.

“Reconhecemos que, sem estabilidade e cooperação regional, não haverá paz e prosperidade duradouras”, afirmou o presidente, acrescentado que a política externa brasileira “é balizada pelo compromisso com a democracia e o respeito à diversidade”. “Defendemos os direitos humanos e a liberdade de escolha de nossos cidadãos e cidadãs com a mesma veemência com que repudiamos todo ato de intolerância ou de recurso ao terrorismo”, completou.

Lula disse ainda que reconhece o direito do Irã de desenvolver o seu programa nuclear para fins pacíficos, com pleno respeito aos acordos internacionais. Para o presidente, “esse é o caminho que o Brasil vem trilhando em obediência a nossa Constituição, que proíbe a produção e a utilização de armas nucleares”. Segundo Lula, não proliferação e desarmamento nuclear devem andar juntos. “O Brasil sonha com um Oriente Médio livre de armas nucleares como ocorre com nossa América Latina”, disse.

Lula ressaltou que encoraja o presidente iraniano a continuar o engajamento com países interessados de modo a encontrar uma solução justa e equilibrada para a questão nuclear iraniana. Em seu discurso, sem nenhum improviso, o presidente Lula lembrou a experiência brasileira de abrigar comunidades árabe e judaica em convivência harmoniosa, que, segundo ele, “desmente o mito de que o Oriente Médio está condenado aos conflitos e sofrimentos que tem vivido por décadas”.

Ele acrescentou que o Brasil mantém um “diálogo aberto e franco” com todos os países da região. Em seguida, citou que foi com este espírito que recebeu, nos últimos dias, os presidentes de Israel e da Autoridade Palestina. “A Shimon Peres e a Mahmoud Abbas reiterei a posição brasileira sobre o conflito no Oriente Médio. Defendemos o direito do povo palestino a um Estado viável e a uma vida digna ao lado de um Estado de Israel seguro e soberano. Mas a busca de um entendimento nesse e em outros temas regionais exige a incorporação de novos interlocutores nas negociações genuinamente interessados na paz. Para dialogar, é necessário construir canais de confiança com desprendimento e coragem. São esses mesmos valores e princípios que devem prevalecer na busca de paz no Oriente Médio”, disse.

Lula acrescentou que o Irã pode ser decisivo, não só no Oriente Médio, mas também na Ásia Central. “Confiamos na experiência milenar de sua cultura para forjar uma ordem internacional harmônica em sua própria região. Será particularmente importante a contribuição iraniana para lograr a unidade dos palestinos, sem a qual suas aspirações de liberdade não poderão ser alcançadas”.

Lula encerrou o discurso dizendo que a vinda do presidente iraniano ao Brasil e sua visita ao Irã em 2010 fortalecerão o diálogo entre os dois países, que partilham desafios e têm a vontade de superá-los. “Esse diálogo é e será marcado pela franqueza e pela disposição de colocar a paz mundial acima de qualquer outro interesse. Por isso, vejo que podemos olhar com confiança para nosso futuro”, disse.