Londrina inicia 2009 sem um prefeito definitivo

Segunda maior cidade do Estado e terceira do Sul do País, Londrina inicia 2009 sem um prefeito definitivo. Após um processo eleitoral conturbado, com cassação de registro às vésperas da votação, liminar antes do segundo turno e nova cassação dois dias depois de ter vencido nas urnas, o deputado estadual Antonio Belinati (PP) não foi diplomado e um novo segundo turno entre Luiz Carlos Hauly (PSDB) e Barbosa Neto (PDT) deverá ocorrer apenas em março deste ano. Até lá, caberá ao presidente da Câmara Municipal administrar o município interinamente.

Anderson Tozato
Belinati perdeu nos tribunais.

Considerado inelegível por desaprovação de contas de sua última gestão no município, em 2000, Belinati conseguiu uma liminar do Tribunal de Contas do Estado, revendo a decisão anterior e, com isso, candidatou-se ao quarto mandato no município.

A liminar obtida às vésperas do registro de candidatura não foi suficiente e, com o entendimento de que apenas uma decisão judicial poderia reverter a inelegibilidade de Belinati, a Justiça Eleitoral cassou seu registro, numa decisão polêmica, que reviu a jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral.

Com algumas reviravoltas e a utilização de todas as possibilidades de recurso, o caso só foi encerrado, ao menos na esfera eleitoral, no último dia de trabalhos da Justiça, com o indeferimento do recurso de Belinati e a orientação para a realização de um novo segundo turno. O juiz da 41.ª Zona Eleitoral já solicitou ao TRE que marque a nova eleição, entre Hauly e Barbosa, o que deverá ocorrer após o Carnaval.

Agência Câmara
Hauly: nova chance nas urnas.

Com esse quadro, e a tendência de o presidente da Câmara governar o município por, ao menos, dois meses, a eleição da mesa executiva do Legislativo Municipal, que ocorre hoje, transformou-se em uma mini-eleição municipal, polarizando uma disputa entre os vereadores ligados a Belinati e Barbosa Neto contra o grupo ligado a Luiz Carlos Hauly.

Após 12 dos 19 parlamentares eleitos fecharem apoio à candidatura de Sandra Graça (PP), alguns partidos discordaram da possibilidade de um vereador de um dos três partidos envolvidos na disputa municipal (PP – que ainda busca no Supremo Tribunal Federal o direito de governar a cidade, PDT e PSDB) governar a cidade interinamente, o que também inviabilizou a candidatura de Roberto Kanashiro (PSDB) à presidência da Câmara.

Assim, uma terceira via seria a candidatura de um vereador do PTB, que não disputou as eleições majoritárias. Na tarde de ontem, o nome de Padre Roque seria apresentado aos vereadores. A eleição na Câmara, hoje, promete invadir a madrugada.

Continuidade nas principais cidades do Estado

Nas principais cidades do Estado, a posse dos prefeitos marca o desejo da população de continuidade. Além de Curitiba, Maringá, Ponta Grossa, Guarapuava, Foz do Iguaçu e Paranaguá reelegeram seus prefeitos. Em Londrina, o atual prefeito, Nedson Micheleti (PT), não pôde concorrer a um novo mandato por já ter sido reeleito.

A exceção, dentre as principais cidades do Estado, foi Cascavel, onde, apesar de candidato, Lísias Tomé (PSC) não conseguiu a reeleição, sendo vencido pelo ex-deputado Edgar Bueno (PDT).

Em Maringá, Sílvio Barros (PP) foi eleito no primeiro turno, mantendo o poder da família Barros na cidade. Os Barros têm um braço em Brasília, com o deputado federal Ricardo Barros (PP), e outro na capital, com a deputada estadual Cida Borghetti (,PP), mulher de Ricardo e cunhada de Sílvio.

Em Ponta Grossa, Pedro Wosgrau (PSDB) também manteve o cargo. Mas para chegar à reeleição teve que enfrentar um novo grupo político em formação na região, liderado pelo deputado estadual Marcelo Rangel (PPS) e seu irmão, Sandro Alex (PPS), que em sua primeira disputa eleitoral, fez um apertado segundo turno com o atual prefeito.

Em Foz do Iguaçu, a tendência de reeleição ajudou o prefeito Paulo Mac Donald (PDT) a derrotar o grupo do deputado estadual Dobrandino da Silva (PMDB), que tentava voltar à prefeitura com o filho Sâmis da Silva (PMDB).

O apoio do partido do governador Roberto Requião não foi suficiente para derrotar a aliança montada por Mac Donald, que praticamente repetiu o grupo formado por Beto Richa (PSDB) em Curitiba. A tradição familiar também foi mantida em Guarapuava, onde o prefeito Fernando Ribas Carli inicia hoje seu terceiro mandato.