Lentidão da Justiça livrou Taniguchi

No mês passado investigações antigas chegaram ao último capítulo. Foi o caso das duas condenações do ex-prefeito de Curitiba Cássio Taniguchi, hoje deputado federal pelo Democratas, investigado por uma das falhas mais comuns dos líderes municipais: fugir da ordem cronológica do pagamento dos precatórios. O Supremo Tribunal Federal divulgou as condenações do deputado em 20 de maio deste ano, mas os crimes já tinham prescrevido em 2004.

Outros políticos não tiveram a mesma sorte com a demora da justiça. Em maio o Tribunal de Justiça anunciou a condenação do ex-prefeito de Guarapuava Victor Hugo Ribeiro Burko por contratação irregular de servidores. Ele teve de deixar o cargo de presidente do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), já que foi punido com a perda dos direitos políticos e 14 meses de detenção – convertidos em serviços comunitários.

Fábio Alexandre
Canto: reforma polêmica.

Ainda em maio, o ex-prefeito de Nova Fátima, José Delanhol, foi condenado a quatro anos e seis meses de reclusão e um ano e seis meses de detenção. Ele perdeu o direito de atuar em funções públicas. Ele teria utilizado retroescavadeira da prefeitura e servidores em obra particular, mas também foi punido pela compra superfaturada de bisturi eletrônico, descumprindo a Lei Orgânica da cidade. Além disso, ele utilizou dinheiro público para eventos de interesse pessoal.

Em março, outras duas condenações. O polêmico caso de fraude em licitação onde o acusado foi o ex-prefeito de Ponta Grossa, Jocelito Canto, hoje deputado estadual pelo PTB. Ele teria contratado uma empresa para fazer reforma na antiga estação ferroviária da cidade, que virou um centro cultural. Dias depois, Jesuel de Oliveira, ex-prefeito de Nova Itacolomi, foi condenado pelo Tribunal de Contas da União a devolver aos cofres públicos mais de R$180 mil de recursos recebidos através do Ministério do Desenvolvimento e Combate à Fome que foram declarados através de notas fiscais falsas de um contrato de licitação irregular.

Anderson Tozato
Burko: contrato irregular.

Só na última eleição, três prefeitos eleitos foram cassados no Paraná sob acusação de abuso do poder econômico, sem contar os crimes eleitorais: Hélio Parzianello (PSDB) de Enéas Marques, Erivaldo Lourenço da Silva (PMDB) de Ângulo e Pedro Júnior Anselmo de Assis (PMDB) de Doutor Ulysses. Um levantamento da ONG Transparência Brasil, que cria bancos de dados sobre parlamentares, mostra que além de Jocelito Canto, outros quatro deputados foram prefeitos e têm processos contra si por crimes cometidos durante suas gestões: Antônio Belinati (PP), acusado de peculato, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro enquanto foi prefeito de Londrina; Dobrandino da Silva (PMDB), acusado de contratação ilegal de uma cooperativa e de apresentar contas irregulares quando foi prefeito de Foz do Iguaçu; Rafael Greca (PMDB), acusado de improbidade administrativa e uso irregular de dinheiro público quando foi prefeito de Curitiba; e Teruo Kato (PMDB), que também teve irregularidades com gastos em sua gestão em Paranavaí.