Jereissati reafirma parecer contra adesão da Venezuela

O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) defendeu no começo desta tarde a aprovação do seu parecer contrário à adesão da Venezuela no Mercosul. O voto de Jereissati tem como posição central argumentos sobre a democracia na Venezuela e a forma de agir do presidente Hugo Chávez que, na avaliação do senador, fere os princípios democráticos. “Bastará uma natural mudança política no comando do Brasil para que o relacionamento entre nossos países corra o risco de sofrer uma perigosa mudança de rumos”, diz o voto, apresentado à comissão em reunião no dia 1º.

“Quando eu estou falando dos aspectos políticos, não estou falando de ideologia. Não me importa se o Chávez é de esquerda ou de direita, se é isto ou é aquilo. O Mercosul começou aqui com o presidente José Sarney a partir de países que saíam de ditaduras. Era o grande ideal: uma América do Sul integrada, não mais sujeita àquelas turbulências”, disse hoje o senador. “Aceitar a Venezuela no bloco é dizer que preso político é um pequeno detalhe, liberdade de imprensa é um pequeno detalhe, não aceitação de contratos é um pequeno detalhe”, continuou.

Antes da explanação de Tasso Jereissati, o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), apresentou um resumo do seu voto em separado, favorável à adesão, rebatendo as alegações do senador oposicionista. “Alguns argumentam que o Brasil não deveria permitir que Hugo Chávez ingresse no Mercosul e perturbe o funcionamento do bloco. Outros questionam se o atual regime político da Venezuela é compatível com o compromisso democrático do Mercosul. Quem está aderindo não é o atual governo venezuelano, mas sim a Venezuela, país vizinho com o qual o Brasil sempre manteve boas relações, hoje profundamente adensadas”, defende o governista no seu voto.

Por volta do meio-dia, senadores da comissão se revezavam em discursos sobre suas posições em relação a adesão da Venezuela no bloco. Já haviam argumentado Eduardo Suplicy (PT-SP) e Francisco Dornelles (PP-RJ), ambos favoráveis à adesão.