A liderança do governo comprometeu-se ontem a levar o secretário estadual de Comunicação, Airton Pisseti, na próxima terça-feira, 11, à Assembléia Legislativa. Em troca, o líder da oposição, deputado Valdir Rossoni (PSDB), concordou em que Pisseti seja ouvido em uma das comissões permanentes da Casa, a de Comunicações, e não em plenário.
Rossoni também abriu mão de apresentar o requerimento pedindo a convocação do secretário para explicar sua participação na campanha eleitoral no Paraguai, que elege um novo presidente no dia 20 de abril. Pisseti irá à Comissão na condição de convidado.
O acordo entre governo e oposição foi costurado pelo presidente da Assembléia Legislativa, Nelson Justus (DEM). Ele disse que é prerrogativa dos deputados interrogarem o secretário sobre suas viagens ao Paraguai -foram onze ao todo entre setembro de 2007 e fevereiro – mas que não considerava necessária a convocação. ?Estou aqui para apaziguar. Não há necessidade de tiroteio?, disse Justus.
A princípio, Rossoni não queria abdicar da convocação. ?Cachorro mordido de cobra tem medo de lingüiça?, disse o líder da oposição, relembrando as várias vezes em que o secretário não compareceu à Assembléia Legislativa, para prestar esclarecimentos sobre gastos do governo com publicidade, apesar da promessa dos governistas. ?Ele não merece a deferência de um convite. Ele é um fugitivo?, protestou. Mas Rossoni cedeu depois que os outros integrantes da oposição pediram para que ele confiasse na promessa de Romanelli.
O líder do governo havia ameaçado derrotar o requerimento em plenário se o tucano não desistisse da proposta de convocação. ?Se ele insistir, vamos para o voto e nós vamos ser contra. E daí o Pisseti não vem. Se é para fazer queda-de-braço, então vamos lá?, disse Romanelli. Se Pisseti não for à Assembléia Legislativa, o líder do governo afirmou que tomará a iniciativa de propor sua convocação. ?Assumi um compromisso e ele será cumprido. Não sou um moleque?, afirmou.
Sem respostas
A oposição estuda entrar com um mandado de segurança para cobrar judicialmente de Pisseti uma resposta ao pedido de informações sobre suas despesas com cartões corporativos. O prazo para os esclarecimentos venceu na semana passada. Além de acusar o secretário de ter infringido o Estatuto do Servidor Público ao colaborar na campanha de Fernando Lugo, um dos candidatos a presidente do Paraguai, durante o expediente, os adversários do governo suspeitam que Pisseti pagou as despesas de viagem com recursos públicos.
O secretário de Comunicação do Paraná admitiu que foi ao Paraguai em dias normais de trabalho no Palácio Iguaçu, antes de entrar em férias, mas assegurou que seus gastos foram cobertos pelo seu cartão de crédito pessoal. Entretanto, a oposição insiste em conhecer os comprovantes dos pagamentos.