Governador diz que buscará exílio no Paraguai

O governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), disse ontem de forma irônica durante seu programa semanal Escola de Governo que terá que buscar asilo político no Paraguai ou no Haiti, caso o Supremo Tribunal Federal (STF) não reverta as multas aplicadas contra ele.

O valor total chega a R$ 450 mil. Requião é acusado de usar indevidamente a Rádio e Tv Educativa. O governador disse ainda que o dinheiro bloqueado de suas contas, R$ 50 mil, era usado para financiar os estudos dos filhos. O bloqueio do dinheiro foi confirmado na última segunda-feira pelo Banco Central.

Durante o programa, o governador classificou como arbitrário o seqüestro do dinheiro de sua conta bancária, determinado do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF4).

O desembargador Edgard Lippmann Júnior atendeu a um pedido do Ministério Público Federal a fim de garantir o pagamento da primeira das três multas impostas ao governador desde o início do ano. Requião reclamou que Lip-
pmann proferiu a decisão mesmo após a defesa do governador impetrar pedido de suspeição contra ele.

Neste caso, seus advogados afirmam que o natural seria o juiz se afastar do caso até que o pedido fosse julgado. “Sem que eu tenha sido sequer citado da decisão, bloquearam a conta do Banco do Brasil em que eu recebo meu salário. Trata-se de uma arbitrariedade inimaginável. A impressão que eu tenho é que talvez eu esteja no Haiti do ditador Papa Doc ou no Paraguai de Alfredo Stroessner”, ironizou o governador.

Segundo informações da Justiça Federal em Curitiba, a confirmação pelo Banco Central do bloqueio da conta chegou na última segunda-feira, mesma data em que foi expedido ofício para informar o governador sobre a decisão.

O governador disse ainda em seu programa que “minhas contas bancárias foram seqüestradas rapidamente, mas as pessoas denunciadas pelo Ministério Público em casos de corrupção que relembro aqui (na Escola de Governo) até hoje não foram julgadas. Mas acredito no Poder Judiciário brasileiro. Essas condenações que estabelecem a censura prévia devem cair no Supremo Tribunal Federal, que deverá pôr fim à excrescência ditatorial de um juiz, não do Judiciário, e de uma procuradora, não do Ministério Público”, acrescentou. Reclamou também que o dinheiro bloqueado pagava a educação de seus dois filhos.

Requião recebeu a primeira multa em janeiro deste ano, no valor de R$ 50 mil, devido às críticas que vinha fazendo a adversários durante a Escola de Governo. Na mesma decisão, a Justiça determinou que se houvesse reincidência seria aplicado uma nova multa no valor de R$ 200 mil, o que aconteceu em fevereiro e julho. Para garantir o pagamento da primeira sanção, a Justiça determinou o bloqueio das contas pessoais do governador. Requião está recorrendo no STF.