No vermelho

Fruet faz balanço e apresenta dívida de R$ 446 mi deixada por Ducci

O prefeito Gustavo Fruet (PDT), herdou dívida de R$ 446 milhões da gestão Luciano Ducci (PSB). É mais de três vezes o montante de R$ 130 milhões apurado inicialmente pela equipe de transição. Na abertura dos trabalhos da Câmara de Curitiba, na manhã de ontem, Fruet pediu aprovação de crédito suplementar de R$ 63,7 milhões para quitar parte dos restos a pagar deixados pelo antecessor e ameaçam a continuidade de alguns serviços.

“A prioridade é para fornecedores e prestadores de serviços das áreas de saúde, educação e assistência social”, disse o prefeito. Dos R$ 446 milhões, apenas R$ 174 milhões foram empenhados por Ducci. “Ou seja, temos R$ 272 milhões sem empenho ou previsão orçamentária”. Há pendências na coleta e transporte de lixo (R$ 72 milhões), merenda escolar (R$ 23 milhões), limpeza e conservação predial (R$ 23 milhões), Hospital Evangélico (R$ 3,6 milhões) e restaurantes populares (R$ 900 mil). “Liberamos R$ 200 mil para evitar o fechamento dos restaurantes que atendem a população com refeições a R$ 1”, informou Fruet.

Balanço

No balanço do primeiro mês, o prefeito citou distorções em obras inacabadas, como as do Mercado Municipal, escolas e creches inauguradas no ano passado. Relatou ainda problemas de falta de manutenção predial, equipamentos e infraestrutura, devido ao não pagamento de fornecedores. A Secretaria da Educação acumula dívida de R$ 87 milhões e a da Saúde, de R$ 97 milhões. No sistema de transporte coletivo, Fruet citou que o rombo estimado passa de R$ 100 milhões e este déficit deve impactar no valor da tarifa.

Cortes de despesas já adotados, entre eles a redução do número de carros locados, representarão economia de R$ 8 milhões por ano. “Por meio da contenção de gastos, estamos trabalhando para evitar que as dívidas comprometam o orçamento de 2013 e todo nosso mandato”, declarou o prefeito.

Verbas pra investimentos

Em nota, Luciano Ducci (PSB) diz que deixou para a atual administração R$ 250 milhões em caixa e R$ 4,1 bilhões garantidos para novos investimentos. O ex-prefeito alegou que “os restos a pagar fazem parte do processo contábil de todos os órgãos públicos e ocorrem em todos os governos”, inclusive a atual secretária de Finanças, Eleonora Fruet, que foi titular da Educação em sua gestão, deixou R$ 50 milhões de restos a pagar quando saiu da prefeitura para se dedicar ao projeto político do irmão.

Segundo Ducci, dos R$ 400 milhões de compromissos a pagar que ficaram para este ano, R$ 200 milhões se referem a despesas de dezembro que só podem ser pagas em janeiro devido ao trâmite burocrático e o restante da dívida equivale a parte da arrecadação de janeiro “e pode ser paga pela atual administração sem inviabilizar novos investimentos”.

Ataque

O ex-prefeito alfinetou o sucessor. “O prefeito Gustavo Fruet precisa entender que a campanha eleitoral terminou (…) Essa estratégia de criticar o antecessor, em vez de mostrar soluções, programas e ideias criativas para atender a população com mais qualidade, é uma prática política antiga que contradiz o discurso da gestão que se apresenta como inovadora”, declarou. Conforme o comunicado, a gestão passada entregou 7.500 obras e deixou outras 150 em andamento, com recursos assegurados, para serem inauguradas neste ano. “Todas as exigências da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e prazos legais foram obedecidos”.