Finalmente, Osmar fala que é candidato ao governo

Até o próximo dia 30, o senador Osmar Dias (PDT) vai tentar construir uma aliança para dar suporte à sua candidatura ao governo. Essa foi a decisão anunciada ontem, após uma reunião de mais de três horas entre o senador e deputados, vereadores e prefeitos do PDT, realizada no escritório de Osmar, em Curitiba.

O senador disse que o PDT deliberou pela sua candidatura e que agora irá buscar alianças com siglas que estão livres na disputa presidencial. Mas quer ter o apoio informal do PSDB. Por causa da regra da verticalização das coligações, os dois partidos não podem firmar um acordo oficial, já que PDT e PSDB têm candidato à Presidência da República.

Osmar afirmou que espera que o ano e meio de conversas que teve com o PSDB não tenha sido em vão. O senador lembrou que apoiou o prefeito de Curitiba, Beto Richa, na campanha eleitoral de 2002 e que não exigiu contrapartida. Mas acha que poderá ter a retribuição espontânea agora. Osmar afirmou que entenderá se Beto não puder apoiá-lo, mas desde que em favor de uma candidatura própria do PSDB. E não de aliança com outros partidos. Além do PSDB, Osmar disse que também gostaria de contar com o PFL, outro aliado que migrou para o palanque da candidatura de Rubens Bueno (PPS).

Diante da consumação da candidatura do senador Cristóvam Buarque à Presidência da República, Osmar disse que foi colocado numa situação de "candidatura de sacrifício", mas que se este é o desejo do partido, irá em frente. Entretanto, a decisão final, no dia 30, dependerá do leque de alianças que conseguir formar para que possa ocupar tempo suficiente no horário eleitoral gratuito para apresentar sua proposta de governo.

Sozinho, o PDT tem apenas 27 minutos e 26 segundos na propaganda gratuita em emissoras de rádio e televisão.

Osmar disse que, na melhor das hipóteses, se conseguir fechar as coligações que tem em vista, irá obter um terço do tempo do governador Roberto Requião (PMDB), candidato à reeleição.

Apoios em vista

Os partidos com os quais o PDT está tentando fazer uma aliança formal não foram identificados ontem pelo senador. Ele justificou que precisa se proteger das investidas dos adversários, que têm mais poder que o PDT para atrair aliados. Mas o PP é uma das siglas que pode apoiar Osmar. Após a entrevista coletiva do senador, o deputado federal Ricardo Barros foi à sede do PDT oferecer apoio do partido à candidatura própria. O PP tem cerca de 3 minutos e 26 segundos.

A manifestação de Barros não é suficiente ainda para que Osmar considere fechado o acordo com o PP. O presidente estadual do partido, deputado federal Dilceu Sperafico, disse que o PP tem interesse na aliança, mas não vai esperar até o dia 30 para que o senador pedetista anuncie a decisão final sobre a candidatura. "Se ele disser "sou candidato já" terá nosso apoio. Do contrário, não. Senão chega no dia 30, ele diz que não e daí nós vamos ficar na mão?", ponderou Sperafico, que iria conversar ainda ontem com Osmar.

O PP também está negociando com o PMDB. Mas dentro do PMDB existe um setor que não aceita a coligação na eleição para a Assembléia Legislativa e Câmara dos Deputados com o PP, devido ao potencial de votos de alguns dos seus candidatos a deputado, o que pode dificultar a vitória de alguns peemedebistas.

Outro partido que está conversando com o PDT é o PSB. Embora com domicílio eleitoral no Rio de Janeiro, o ex-governador Jaime Lerner está empenhado neste acordo. Mas o PSB depende da decisão da direção nacional que ainda não decidiu se selará o apoio formal à reeleição do presidente Lula (PT).  

Tucanos, agora sim, num beco sem saída

Os tucanos não gostaram da saia justa em que foram colocados pelo senador Osmar Dias (PDT), que cobrou o compromisso de apoio, ainda que informal, do PSDB à sua candidatura ao governo. Mesmo o presidente estadual do PSDB, deputado Valdir Rossoni, que até anteontem continuava dizendo que a aliança com o PDT era possível mesmo que extra-oficialmente, já não demonstra aprovação ao entendimento com o senador. Rossoni afirmou que o PSDB precisa de um palanque forte para o seu candidato a presidente da República, Geraldo Alckmin, no Paraná. E que o palanque de Osmar já tem dono: o senador Cristóvam Buarque.

"O PSDB trabalhou mais de um ano pela candidatura do senador. Mas agora ele nos deixou em péssimas condições", reagiu o presidente estadual do diretório tucano. Ele voltou de Brasília, onde se reuniu com o presidente nacional do PSDB, senador Tasso Jereissati, anteontem, e disse ter recebido o sinal verde para que o partido decida no Paraná o rumo que achar melhor na sucessão estadual.

O prefeito de Curitiba, Beto Richa, citado nominalmente por mais de uma vez pelo senador Osmar Dias durante a entrevista concedida ontem, preferiu não se posicionar. Até a semana passada, quando Cristóvam Buarque foi lançado candidato a presidente da República, Beto dizia que o PSDB tinha um compromisso com Osmar. Mas depois da convenção nacional do PDT anunciou que defendia a candidatura própria do partido. Ontem, calou-se diante das declarações de Osmar sobre o apoio que deu a Beto na sua campanha à Prefeitura de Curitiba.

Lealdade

Um dos mais irritados com a posição do senador Osmar Dias foi o presidente da Assembléia Legislativa, deputado Hermas Brandão, que lidera o grupo pró-aliança com o PMDB. Brandão afirmou que o PSDB foi leal ao compromisso de apoio a Osmar até o momento em que o PDT nacional impediu a aliança formal, ao lançar candidato próprio à Presidência da República. "O PSDB foi leal até demais com o senador. Nós estivemos à disposição até agora", afirmou.

Para o presidente da Assembléia Legislativa, o PSDB não pode mais se vincular à candidatura do senador Osmar Dias. "Nós temos que tomar um rumo. E grande parte já decidiu pela aliança com o PMDB", afirmou.

Quando Osmar decidiu manter a candidatura ao governo ontem, o grupo de Brandão já estava dando como certa a aliança com o PMDB. Isto porque a alternativa de candidatura ao governo mais aceita pela maioria do partido, o senador Alvaro Dias, recusou-se a atender ao apelo do diretório nacional e também do diretório estadual para concorrer ao governo. Gustavo Fruet, a segunda opção, impõe condições que os tucanos não podem cumprir, como a unidade de todo o partido em torno de sua candidatura.

Entretanto, Rossoni disse ontem que iria continuar insistindo com Alvaro e, ao mesmo tempo, conversando com Gustavo para concorrer ao governo. Outros tucanos, entretanto, revelaram que, mais do que nunca, agora Alvaro não será candidato. Ele jamais iria disputar uma eleição, principalmente se entre os adversários estiver o irmão.

PFL já decidiu. E não volta mais atrás

O PFL não planeja reabrir negociações com o senador Osmar Dias (PDT) para uma aliança na disputa pelo governo do Estado. O vice-presidente estadual do partido, deputado Durval Amaral, disse que o acordo com o PPS será formalizado na convenção do próximo dia 30 e que já está decidido o apoio à candidatura de Rubens Bueno ao governo do Estado. O PFL e PPS também farão coligação para a disputa proporcional, informou.

Amaral afirmou que a disposição do senador pedetista de concorrer ao governo é uma boa notícia para as forças de oposição no Paraná. Na avaliação do pefelista, com ou sem o apoio do PSDB, a candidatura de Osmar forçaria a realização de um segundo turno na eleição para o governo, quebrando o favoritismo da reeleição do governador Roberto Requião (PMDB).

"É uma reviravolta no quadro eleitoral", definiu Amaral. Ele acha que a candidatura de Osmar força o governador a se aproximar do PT e a pressionar pela retirada da candidatura do senador Flávio Arns ao governo. "O governador, agora, vai ter que correr atrás do PT, porque o quadro mudou. Ele terá que pedir a ajuda do Lula novamente", analisou o vice-presidente estadual do PFL.

Amaral acredita que o PSDB também terá que pensar duas vezes antes de desistir de lançar um candidato próprio ao governo. Na avaliação do dirigente do PFL, se Osmar consolidar a candidatura, crescem as chances de o PSDB trabalhar para lançar o deputado federal Gustavo Fruet ao Palácio Iguaçu.

O vice-presidente do PFL defende a realização de um pacto entre as candidaturas de oposição ao governador para se juntarem num eventual segundo turno. "Nós temos que pactuarmos agora essa aliança porque a candidatura do Osmar é a certeza do segundo turno", disse.

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