Falta dinheiro para combater as armas

Foi lançado ontem, em debate no auditório da Reitoria da Universidade Federal, em Curitiba, o movimento pelo desarmamento no Estado. O evento, promovido pela Frente Paraná Sem Armas, reuniu entidades da sociedade civil, autoridades eclesiásticas e parlamentares, entre eles o secretário-geral da Frente Parlamentar por um Brasil Sem Armas, deputado Raul Jungmann (PPS-PE).

À tarde, Jungmann esteve na Assembléia Legislativa, onde apontou dados alarmantes sobre a questão e procurou rechaçar os argumentos do movimento favorável à venda de armas e munição no País. Ele disse aos jornalistas que a campanha pelo desarmamento vai bem ?em termos de trabalho voluntário, e mal em relação à dinheiro?. Segundo ele, até agora, faltando menos de um mês para o referendo – marcado para o dia 23 – a frente recebeu pouco mais de R$ 100 mil em doações, embora necessite algo em torno de R$ 3 milhões para fazer frente aos gastos com propaganda: ?Felizmente, contamos com o empenho voluntário de cabos eleitorais de peso, como os músicos Chico Buarque e Roberto Carlos, a atriz Fernanda Montenegro, entre tantos outros?.

Apesar das dificuldades, ele não teme que o referendo acabe se transformando numa avaliação do governo Lula, às voltas com sua pior crise: ?Já estive mais preocupado com essa possibilidade. Mas a questão não está sendo associada ao desempenho da administração federal, até porque sua presença na propaganda é bem discreta. Temo mais a possibilidade de abstenções?. Jungmann acha que há pouco tempo para a divulgação do referendo e responsabiliza por isso o movimento pró-armamentos, que teria retardado ao máximo a aprovação da matéria no Congresso. Também considera os efeitos da crise política, ?que aumentou a desconfiança da população em relação à classe política?.

Lembrando que a frente que ora defende a venda de armas é integrada pelos mesmos parlamentares que foram contrários ao Estatuto do Desarmamento, Jugmann disse que é preciso desmistificar ? a desinformação e os falsos difundidos pelo outro lado: ?Não faz sentido o argumento de que estamos tiramdo o direito de defesa porque o porte de armas é proibido por lei desde 2003. Não pretendemos ampliar restrições, mas demonstrar que não se resolve o problema da segurança, que é tarefa prioritária do Estado, armando os cidadãos num País que é o recordista mundial de homicídios por arma de fogo?.

Clima quente

Indagado sobre a disputa pela presidência da Câmara Federal, Jungmann comentou que ?o governo não aprendeu nada com a lição do Severino. Não cabe ao governo fazer ou impor candidaturas ao Legislativo. Quando faz isso, atira no próprio pé. O que estamos vendo agora é uma repetição do que aconteceu antes e resultou na eleição do Severino?. Na opinião do parlamentar do PPS, há muitos candidatos e poucos compromissos por parte daqueles que pretendem dirigir a Câmara. Seu partido, junto com o PDT e o PV, encaminham hoje aos candidatos um decálogo que inclui a redução das Medidas Provisórias, fim do recesso de meio de ano e dos jetons por períodos extraordinários, e a reforma política: ?Quem assumir compromisso com esses pontos terá nosso apoio?, adiantou. Entretanto, mostrou-se cético em relação a uma reforma política mais consistente que a proposta pelo dirigente pefelista Jorge Bornhausen. Lembrou que a ampliação do prazo para a aprovação da reforma depende de uma Proposta de Emenda à Constituição -PEC: ? Com o governo paralisado pela crise e a Câmara em frangalhos, a tramitação de uma PEC se torna muito mais difícil?, previu.

Voltar ao topo