Encontro reúne opositores à criação da Alca

A visita do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, ao Brasil, neste final de semana, foi classificada como provocação pelo cônsul-geral da Venezuela, Jorge Luis Durán Centeno. Para ele, não é o melhor momento para um encontro como este, tanto para Brasil quanto para os Estados Unidos. Centeno participou de um debate sobre o bloqueio americano a Cuba e a implantação da Área Livre de Comércio das Américas (Alca), ontem, em Curitiba, ao lado do cônsul geral de Cuba, Carlos Trejo Sosa. ?É lamentável e uma provocação. Mais de 1,5 mil homens de segurança serão colocados ao redor do presidente americano em sua visita ao Brasil. Não é o momento adequado para isso, mas é um direito de qualquer comandante de um país fazer uma visita de cortesia?, avalia Centeno.

Para o cônsul, os protestos contra a visita de Bush no Brasil e a participação dele na 4.ª Cúpula das Américas, na Argentina, são as respostas quanto às pressões exercidas sobre o povo, que se sente agredido pelas políticas norte-americanas. ?Essa mobilização no Brasil, na Argentina e na Venezuela, entre outros países, ajuda no processo de integração na América Latina?, acredita Centeno.

De acordo com a deputada federal Dra. Clair Martins (PT/PR), uma das organizadoras do evento, a visita de Bush é respeitada segundo as relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos. ?É importante para incentivar relações comerciais, essenciais para o desenvolvimento do Brasil e da indústria nacional. Mas, numa decisão do diretório nacional do PT, vamos apoiar movimentos sociais em relação à política de Bush, uma política de agressão e não de movimento solidário internacional. Questionamos vários pontos, como a invasão do Iraque e o bloqueio contra Cuba?, esclarece.

Carlos Trejo Sosa não quis opinar sobre a vinda de George W. Bush para o Brasil. Ressalta que visitas como essa fazem parte das relações diplomáticas. O cônsul geral de Cuba destacou que o bloqueio americano (expressão usada pelos cubanos no lugar de embargo, como os Estados Unidos preferem classificar a medida) traz prejuízos para o desenvolvimento local. É proibido qualquer tipo de comércio ou atividade econômica entre os dois países. A filial de uma empresa norte-americana em um país de Terceiro Mundo, por exemplo, não pode fazer negócios com Cuba. Este cenário afeta, inclusive, as relações comerciais entre Cuba e Brasil.

Segundo Sosa, o país acumula perdas de US$ 82 bilhões desde o início do bloqueio, há 47 anos. Somente no ano passado, o prejuízo foi de US$ 2,5 bilhões. ?O bloqueio é ilegal e uma crueldade equivalente a um genocídio, condenado pelas leis internacionais. Dos 179 países da Organização das Nações Unidas (ONU), somente três – Estados Unidos, Ilhas Marshall e Israel – são favoráveis ao bloqueio?, revela.

Durante o debate realizado ontem, foi formulado um comitê de solidariedade a Cuba para o fim do bloqueio. Os participantes também discutiram a implantação da Alca. ?Na Venezuela não se fala mais de Alca. O país é contra esta linha de comércio. O presidente Hugo Chávez é contrário à proposta. Para nós, a Alca morreu. Temos que trabalhar uma nova proposta?, relata Jorge Luis Durán Centeno, cônsul geral da Venezuela.

Capital terá ato contra Bush na Boca Maldita

A Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS) realiza hoje na Boca Maldita, no centro da capital, ato contra a vinda do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, ao Brasil. A manifestação terá início às 10h. De acordo com a assessoria da CMS, o objetivo da mobilização é mostrar à sociedade paranaense ?que Bush é inimigo ?número um? da humanidade, denunciar as atrocidades da guerra do Iraque e a militarização do mundo, que está em curso, promovida pelo presidente norte-americano?.

Segundo o comunicado da Coordenação dos Movimentos Sociais, ?durante a guerra do Iraque, mais de 30 mil pessoas já morreram. Com o dinheiro gasto para atacar o Iraque seria possível combater a fome no mundo por sete anos. Atualmente, existem tropas estadunidenses em mais de 50 países, que contam com um orçamento militar de meio bilhão de dólares?. A coordenação apontou ainda que, em julho deste ano, os Estados Unidos implantaram uma base militar no Paraguai, próxima à fronteira do Brasil.

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