Só um voto contrário

Eleição na Assembléia apresenta poucas mudanças

Ao ser reeleito ontem, para mais um mandato na presidência da Assembléia Legislativa, o deputado estadual Nelson Justus (DEM) disse que poderá apresentar ainda este ano um pacote de medidas que proporcionem mais transparência na divulgação do uso das verbas públicas pela instituição e pelos gabinetes dos deputados.

Justus havia prometido apresentar um projeto de resolução regulamentando a publicação dessas informações, assim como dados sobre o quadro de funcionários da casa, no início do segundo semestre, quando o Ministério Público Federal (MPF) começou a investigar irregularidades na contratação de servidores.

A chapa única, encabeçada por Justus, obteve 51 votos favoráveis e um voto contrário, do deputado Tadeu Veneri (PT). Dois deputados faltaram: Reinhold Stephanes Junior (PMDB) e Reni Pereira (PSB).

Dos nove cargos, três tiveram mudanças. Os novos integrantes da mesa são o deputado tucano, Valdir Rossoni, que assumiu a 2.ª secretaria, o deputado Elton Welter (PT), que ficou com a 3.ª secretaria, e o deputado Edson Praczyk (PRB), que foi eleito para a 5.ª secretaria.

Antes da votação, Justus fez um discurso relatando o que considera avanços na administração do Legislativo, como a entrada em operação do painel eletrônico para registro das posições dos deputados nas votações, o funcionamento da TV Assembléia, e a informatização do processo legislativo, que permite acompanhar a tramitação dos projetos nas comissões permanentes.

Mas admitiu que algumas iniciativas não foram adiante, como a votação do novo Regimento Interno, do projeto da transparência e a inauguração da Escola do Legislativo.

Para Justus, entretanto, são etapas que poderão ser cumpridas nos próximos dois anos. “Estamos num momento em que a Assembléia nunca foi tão unida, solidária e com disposição de interagir com a sociedade”, declarou o deputado que, junto com os demais integrantes da chapa, irá tomar posse para o novo mandato no dia 2 de fevereiro do próximo ano.

Divergência

Veneri, cujo voto quebrou a unanimidade em torno da reeleição da chapa, justificou que faltou um projeto em que os integrantes da Mesa assumissem o compromisso de prestar contas à sociedade sobre suas ações.

“Antes da votação, comuniquei à liderança da bancada e ao presidente da Assembléia que não poderia votar a favor, já que dei meu voto na eleição anterior em função de um programa de transparência, que não se realizou por completo. Respeito a pessoa do Nelson Justus, mas não me sinto à vontade para votar sem a discussão de um projeto. Para mim, é uma questão de princípios. A sociedade tem o direito de saber o que acontece aqui”, afirmou o deputado.

Ele defende a prestação de contas mensal sobre a verba de ressarcimento dos gabinetes, no valor de R$ 27, 5 mil e a divulgação dos nomes dos funcionários do Legislativo e a função que ocupam.

Justus e o 1.º secretário, Alexandre Curi (PMDB), preferiram não polemizar. Disseram que Veneri tinha o direito de manifestar sua posição. “Embora eu não concorde, é o ponto de vista dele. Sou um democrata e aceito que algum deputado vote contra, desde que seja de acordo com a sua consciência”, disse.