‘É inegável que Chávez abriga Farc’, afirma Serra

O candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, acusou hoje o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, de abrigar guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). “Até as árvores da Floresta Amazônica sabem que a Venezuela abriga as Farc”, afirmou o tucano em entrevista à imprensa após participar de evento promovido pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide), na capital paulista. “É inegável que Chávez abriga essas Farc. Ele as abriga.”

Para o tucano, o Brasil poderia ter evitado o rompimento de relações diplomáticas entre Venezuela e Colômbia, que aconteceu na quinta-feira, depois de o presidente colombiano, Álvaro Uribe, acusar Chávez de ser conivente com as Farc. “Se o Brasil tivesse gasto o tempo que gastou no Oriente Médio, inteiramente simbólico, na América do Sul, poderia ter evitado situações como as que estão acontecendo agora.”

Serra defendeu uma atuação internacional do Brasil em prol dos direitos humanos. “É amigo de Cuba? Muito bem. Então usa essa amizade para libertar os presos cubanos”, disse o candidato. “Uma coisa é fazer negócio, outra é ter uma postura de camarada com um fulano como o ditador do Irã, que nega o holocausto, condena jornalistas à prisão, à forca os opositores e à morte por pedradas mulheres consideradas adúlteras.” O candidato defendeu uma atuação pacificadora, mas “sem viés”, e ponderou que nenhum país pode “meter o bico” na vida do outro.

Política internacional

Em palestra para mais de 400 empresários, Serra criticou a condução das relações internacionais durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que teria como prioridade a política em detrimento da economia. “Há muita projeção política para o Brasil, para o bem ou para o mal, mas não no que se refere à economia.” Segundo Serra, dos cem tratados de livre comércio assinados no mundo desde 2002, o Brasil só participou de um.

Questionado pela plateia, o candidato se disse a favor da tese de que “negócios são negócios”, evocada no início do mês pelo ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, para justificar a visita do presidente Lula à Guiné Equatorial, governada há 30 anos por um ditador. “Eu sou a favor da tese ‘negócios são negócios’ e acho que o Brasil tem de fazer negócios, que é exatamente o que não fez nos últimos oito anos.”

Serra apontou ainda “filantropia”, na relação do Brasil com Paraguai e Bolívia. “Vamos aumentar em 15% a remuneração pela energia do Paraguai em Itaipu. Estamos fazendo, sem dúvida, filantropia com Paraguai e Bolívia. Só me pergunto por que não com Sergipe, Piauí ou Maranhão.”

Futebol

José Serra elogiou a escolha de Mano Menezes como técnico da seleção brasileira de futebol. Palmeirense, Serra confessou certo alívio por ver afastado o risco de o treinador do Palmeiras, Luiz Felipe Scolari, ser chamado à missão pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF). “O Mano é uma boa escolha, um grande técnico. Ele tirou suco de pedra no Corinthians. É uma coisa que entusiasma”, disse o candidato.