Discurso

Dilma: nem na ditadura confundimos Copa com política

A presidente Dilma Rousseff aproveitou o seu discurso durante evento promovido pelo PT do Rio Grande do Sul para voltar a defender a realização da Copa do Mundo no Brasil. Segundo ela, há hoje uma “campanha sistemática contra a Copa”. “Mas ela, de fato, não é (uma campanha) contra a Copa do Mundo, é uma campanha sistemática contra nós”, criticou.

A presidente voltou a dizer que quando estava presa na época da ditadura torceu para a seleção brasileira. “Nem na ditadura confundimos Copa com política”, afirmou. Dilma disse o governo fez um levantamento e descobriu que há “várias linhas de intervenção anti Copa”. A presidente destacou antigas reportagens que afirmavam que o Brasil não conseguiria deixar os estádios prontos a tempo e disse que é preciso informar melhor a população sobre a real situação do evento.

Segundo Dilma, além do pessimismo em torno das construções dos estádios, muitos dizem de forma equivocada que o Brasil tirou dinheiro da educação e saúde para que as arenas fossem construídas. “É uma desinformação”. Segundo Dilma, o total destinado aos estádios, por meio de financiamento, foi de R$ 8 bilhões. “Em 2014, o gasto em educação é de R$ 280 bilhões”, disse. “Dez dias de um mês equivalem aos 12 estádios”, comparou.

A presidente minimizou os riscos de um surto de dengue no País. “Foi dito que se corria o risco da dengue, mas não há caso de dengue nessa época do ano”, afirmou. Dilma também disse que são equivocadas as afirmações de que faltará internet nas cidades sede.

Entre os pontos citados como aqueles que precisam ser esclarecidos, ela comentou ainda sobre a questão energética e voltou a garantir que não haverá racionamento de energia durante a Copa e nem em 2014. “Não há a menor possibilidade de haver racionamento de energia agora”, disse. “É interessante notar que onde está tendo racionamento de água ninguém fala”, afirmou em uma referência ao Estado de São Paulo, que atravessa uma crise hídrica e é governado há 20 anos pelo PSDB.

Dilma também falou da expansão dos aeroportos e voltou a repetir que as grandes obras de infraestrutura não foram feitas para a Copa e serão um grande legado ao País. “Os aeroportos duplicaram a capacidade de embarque e desembarque em 3 anos e meio”, destacou. “Nenhum estrangeiro vai levar na mala aeroporto, estádio, isso é legado para a população brasileira.”

A presidente afirmou que o governo precisa e vai “combater as mentiras e a má informação”. Ao encerrar o discurso, ela disse que fala com orgulho que as obras da Copa são “Padrão Brasil e não Padrão Fifa”.

Dilma e o ex-presidente Lula participaram em Porto Alegre de evento organizado pelo PT gaúcho para lançar a pré-candidatura de Tarso Genro à reeleição ao governo do Estado e do ex-governador Olívio Dutra ao Senado, ao lado dos aliados PC do B e PTB.

Mudança política

Dilma Rousseff defendeu a realização da reforma política no Brasil em seu discurso. “Estava sentada ali e um companheiro gritou: ‘E a reforma política’? Tem toda a razão”, contou. De acordo com Dilma, o PT foi capaz de fazer a maior revolução social e econômica do País, e agora tem a missão de promover uma mudança e uma transformação política, que englobariam, segundo ela, maior transparência, repudio à corrupção e novas práticas ao políticas.

A presidente também mencionou os conselhos populares, que ela criou recentemente por decreto, com o objetivo de promover consultas populares por parte dos órgãos de governo. “Aprovamos uma medida de criação de conselhos. É uma pratica nossa”, afirmou. “Achamos que é importante ouvir a população. A gente não quer substituir o Parlamento, de jeito nenhum”, revelou, rebatendo críticas de partidos da oposição, que entraram com pedido na Câmara dos Deputados para votar projeto que pretende barrar os conselhos.

Dilma defendeu a importância dos conselhos como ferramentas de apoio consultivo. “É tão atrasado ser contra os conselhos. Dei uma olhada e vi que conselho existe desde 1930, existiu mesmo na Ditadura”, disse.

Ela afirmou que, nessa campanha presidencial, é preciso discutir a reforma política e impedir que “certo tipo de preconceito que é herança da Ditadura” torne inviável formas populares de participação. “Eu considero reforma política como algo estratégico para o futuro da democracia brasileira.”