Sabatina na AL

Delazari diz que violência não ocorre só no Paraná

O Secretário de Segurança, Luiz Fernando Delazari, disse ontem, 27, em sessão especial na Assembleia Legislativa, que o aumento da criminalidade é problema mundial e não exclusividade do Brasil ou do Paraná.

De acordo com o secretário, a comercialização e o consumo de drogas e o tráfico de armas se interligam e produzem a elevação dos chamados crimes contra a vida.

“É um problema da humanidade, que se agravou nos últimos quinze anos”, disse Delazari, no plenário, onde fez exposição de uma hora e quarenta minutos sobre as ações do governo do Estado e foi sabatinado por trinta deputados, em sessão que acabou às 21h.

Apesar de alguns questionamentos duros de deputados de oposição, como o de Valdir Rossoni (PSDB), que sugeriu seu afastamento do cargo e chamou de farsa a operação realizada anteontem que resultou na prisão de 279 pessoas presas acusadas de envolvimento com o tráfico de drogas, Delazari manteve-se impassível e ignorou o que a bancada governista entendeu como “provocação” de adversários.

O secretário compareceu à Assembléia, acompanhado do Comandante da Polícia Militar, coronel Luiz Rodrigo Larson Carsten, o Delegado Geral da Polícia Civil, Jorge Azôr Pinto, e o Comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Jorge Luiz Thais Martins, além de grupos de policiais civis e militares que ocuparam as galerias.

Delazari ofereceu relatório completo sobre as ações da secretaria aos deputados. Fez comparativos de investimentos na área com o governo anterior, de Jaime Lerner, e irritou os tucanos Valdir Rossoni e Ademar Traiano.

Rossoni sugeriu ao secretário que deixasse o cargo para alguém que tivesse mais conhecimento sobre a área. Delazari não reagiu, afirmando que iria se ater ao tema da segurança pública.

Assim como também não respondeu quando o peemedebista Mário Roque cobrou respostas aos telefonemas e pedidos de audiência, que não atendeu. Mário Roque fez críticas à ação da secretaria no litoral do Paraná. De acordo com o deputado, a população fixa nas praias e balneários é de 272 mil pessoas, que são atendidas por 150 policiais militares.

“Não se pode fazer segurança com meia dúzia de soldados”, atacou. O secretário disse ao colega de partido que a preocupação com o policiamento é a mesma em todo o Estado e que Paranaguá, um dos principais municípios do litoral, houve redução dos homicídios em torno de 20%. Também citou o caso de Foz do Iguaçu, onde nos últimos três anos, os homicídios teriam caído 50%.

O líder da bancada de oposição, Elio Rusch (DEM), disse que Delazari apresentou números “belos e formosos”, mas que não combinam com a realidade. “Ninguém seria ingênuo de achar que existe criminalidade só no Paraná. Mas cada unidade da federação vai ter que fazer a sua parte. E o Paraná precisa fazer muito mais”, disse Rusch.

O líder da oposição afirmou que há escassez de pessoal na Polícia Civil e Polícia Militar e que existem 210 municípios no Paraná, onde não há delegados. O secretário disse que a distribuição dos policiais é feita de acordo com os dados do serviço de geoprocessamento da Secretaria, que mapeia os números de homicídios no Estado e o perfil das ocorrências. 

Rusch encerrou a sessão dizendo que  o desejo da sociedade é ver mais policiais na rua. “A origem do problema pode ser social, mas nós temos que agir nas consequências”, afirmou.

Difusão do crack engrossou a violência no Paraná

O aumento do número de policiais não é a sa&iacute,;da para todos os problemas de segurança pública, disse ontem o Secretário Luiz Fernando Delazari aos deputados, que defenderam o aumento do efetivo policial para combater a criminalidade.

O líder da oposição, Elio Rusch (DEM), citou relatório do Ministério da Justiça em que o Paraná aparece em 22 lugar no ranking de investimentos em segurança por número de habitantes.

Delazari contestou Rusch. Disse que o Paraná passou de investimentos de R$ 580 milhões, em 2003, para R$ 1,2 bilhão, em 2009. E também mencionou informações do Ministério da Justiça, apontando que o Paraná foi o segundo estado que mais aplicou em policiamento no país, perdendo apenas para São Paulo.

Para o secretário, o aumento do número de policiais não é a fórmula mágica para conter a violência. Ele citou o caso do Rio de Janeiro, que tem 16 milhões de habitantes e 40 mil policiais militares.

“E não me consta que o Rio de Janeiro seja exemplo para o Brasil no combate à violência”, afirmou Delazari. Ele informou que o Paraná está em sétimo lugar no número de policiais no país.

Os índices de criminalidade em Curitiba, um dos motivos que levaram Delazari à Assembleia Legislativa, foram relativizados pelo secretário. Ele disse que não há uma explosão de homicídios na capital, embora reconheça que o crescimento foi registrado em municípios da região metropolitana. Ele citou que 90% dos homicídios em Curitiba, envolve traficante e usuários de drogas.

“Ou o autor é viciado ou é traficante”, disse. E esse padrão está relacionado à difusão do crack, uma droga que está presente na maioria das ocorrências, destacou.