As tensas relações entre o PT e o PMDB no Paraná ganharam ontem mais um ingrediente, após o presidente estadual do PT, deputado estadual André Vargas, revelar que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou com o governador, Roberto Requião (PMDB), sobre as críticas que o peemedebista faz ao ministro do Planejamento, Paulo Bernardo.
Conforme Vargas, as cobranças de Requião sobre a demora do governo federal em resolver o impasse com o Banco Itaú envolvendo os títulos podres adquiridos pelo extinto Banestado, foi respondida pelo presidente da República com uma ponderação sobre a forma como o governador do Paraná se dirige ao ministro do Planejamento, encarregado por Lula de resolver o problema. Entre as divergências entre o governador e o ministro estão as críticas de Requião à política econômica, da qual o petista é um dos defensores.
Conforme o relato de Vargas, o presidente da República teria dito ao governador que as declarações de Requião a respeito de Bernardo não estavam ajudando na solução do problema. O que chegou ao conhecimento de Lula é que Requião teria dito que Bernardo não estava empenhado em resolver o caso. Segundo o presidente estadual do PT, foi apenas uma observação.
Ontem, a assessoria do governador negou que Requião e Lula tenham conversado sobre a relação do peemedebista com o ministro do Planejamento. "A assessoria desmente com veemência e indignação as versões repassadas pelo presidente do PT. Ele sequer foi recebido pelo presidente da República e não participou das conversas", reagiu o Palácio Iguaçu.
A assessoria do governador mencionou ainda que, em entrevista à rádio BandNews, o ministro reafirmou que está tentando acertar a situação do Paraná, incluído no cadastro de inadimplentes do Banco Central por não ter efetuado o pagamento do resgate dos títulos ao Banco Itaú, que comprou o Banestado, em 2000. "O ministro elogiou o governador e não há nenhum mal- estar entre os dois", afirmou a assessoria do governador.
Choque interno
Ontem, o deputado Natálio Stica divulgou nota rebatendo també André Vargas, que o acusou de "quinta coluna" por ter dito que o presidente Lula preferia uma aliança entre o PT e Requião no Paraná à candidatura própria do senador Flávio Arns. "Sempre defendi e defendo a candidatura própria do PT do Paraná ao governo do Estado. Nunca falei ao contrário. Nosso candidato é o senador Flávio Arns", reafirmou Stica.
Stica afirmou ainda que Vargas foi "grosseiro" ao fazer comentários sobre sua conversa com o presidente Lula. "Agora, querer questionar o que o presidente Lula falou com grosserias é no mínimo demonstração de despreparo e ciúme infantil. A conspiração só existe na cabeça do André Vargas".
Stica afirmou que o presidente Lula apenas disse que respeita a decisão do PT do Paraná em lançar candidatura própria e que acharia importante um acordo com o governador Requião, nas eleições. "O importante é não fechar as portas. Se não há acordo para o primeiro turno ele poderá acontecer no segundo", comentou Stica, que atribuiu à sua antiga amizade com Lula as confidências do presidente sobre a sucessão estadual. "Tenho a confiança do presidente da República. E isto se deve à minha história e a minha militância no PT, que outros não têm e que sempre tentam desqualificar sem sucesso. Como é o caso agora."