CPMI quer apurar remessas para Angola

O sub-relator de Movimentação Financeira da CPMI dos Correios, deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), pedirá hoje ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e ao Banco Central informações sobre remessas de dinheiro de empresas e pessoas do Brasil para Angola.

Para o deputado, esse é o ponto de partida para a investigação da Conexão Angola, o conjunto de remessas do Trade Link Bank, uma off-shore com sede nas Ilhas Cayman, para o ministro das Finanças de Angola, José Pedro de Morais Júnior, e para o presidente do Banco Nacional (o Banco Central angolano), Amadeu de Jesus Castelhano Maurício, dois dos principais auxiliares do presidente José Eduardo dos Santos.

Pelos registros da movimentação financeira do Trade Link, a off-shore enviou US$ 2,6 milhões para Pedro Morais de janeiro de 2003 até o início do ano. Os papéis mostram uma remessa de US$ 176 mil do Trade para Castelhano. As transferências eram feitas de contas do Trade Link nos bancos Standard e Wachovia, nos Estados Unidos, para contas de Morais e Castelhano em Portugal e nos EUA.

"Mais do que nunca a cooperação das autoridades americanas é importante. Precisamos da quebra do sigilo bancário do Trade Link nos Estados Unidos", disse Fruet. A CPI dos Bingos vai investigar os negócios do empresário José Roberto Colnaghi em Angola. Dono de um avião que transportou o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, na campanha presidencial de 2002, Colnaghi figura na lista dos maiores exportadores para o país africano. Em São Paulo, uma de suas empresas, a Asperbras Nordeste Irrigação Ltda., em Penápolis, lidera o ranking. Em 2004 e 2005 seus negócios em Angola superaram R$ 50 milhões.

O empresário virou personagem da crise depois da denúncia de que um avião Sêneca de sua propriedade transportou caixas de uísque de Brasília para São Paulo, supostamente contendo de US$ 1,4 milhão a US$ 3 milhões vindos de Cuba para a campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002.

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