A Comissão Especial de Investigação sobre os gastos do governo com propaganda, foi encerrada sem chegar à nenhuma conclusão. O presidente da CEI, Dobrandino da Silva (PMDB), decretou ontem o fim dos trabalhos, após uma discussão em plenário com o autor das denúncias de irregularidades na distribuição das verbas de propaganda, deputado Marcelo Rangel (PPS).
Rangel acusou os governistas de boicote às apurações e Dobrandino e o líder do governo, Luiz Claudio Romanelli (PMDB), retrucaram que Rangel estava apenas tentando se projetar nos meios de comunicação com as denúncias.
O prazo legal dos primeiros sessenta dias de funcionamento da Cei venceu anteontem sem que o relator, Reni Pereira (PSB), tivesse acesso aos documentos solicitados à Secretaria de Comunicação Social para fazer seu parecer. A comissão poderia pedir mais sessenta dias de prorrogação, mas diante do conflito com Rangel, o presidente decidiu colocar um ponto final nos trabalhos.
Pereira faltou ontem à sessão, mas na semana passada havia anunciado que seu relatório seria uma folha em branco. ?O que foi solicitado à Secretaria de Comunicação não foi enviado ou demoraram a encaminhar os documentos à comissão. Não pudemos fazer mais porque o governo não colaborou?, disse.
Rangel acusou os governistas – além de Dobrandino, também estavam na Comissão Romanelli e o líder do PT, Elton Welter – de esvaziarem a comissão para impedir as apurações. Criada em nove de julho, a comissão foi suspensa durante o recesso de julho e não se reuniu mais que duas vezes. ?Nem é preciso documento ou reunião. O próprio secretário já confessou em entrevistas que mais de doze milhões foram pagos sem autorização oficial. Ele confessou que cometeu improbidade administrativa?, atacou. O deputado se referiu aos recursos que, conforme o parecer do conselheiro Fernando Guimarães, do Tribunal de Contas, foram distribuídos para veículos de comunicação sem PADV (Pedido de Autorização para Divulgação e Veiculação), documentos obrigatórios para comprovar os pagamentos.
Holofotes
Dobrandino disse que Pisseti enviou os documentos à Comissão no final de semana e que hoje convocaria uma reunião para apresentá-los aos demais integrantes, ao mesmo tempo em que pediria uma ampliação do prazo para que Pereira pudesse analisar as informações. ?Mas com ele (Rangel) não dá para trabalhar. Ele só quer aparecer. Vou devolver todos os documentos para a Casa Civil?, disse.
Para Rangel, entretanto, o caso não está encerrado. Presidente da Comissão de Transportes, Comunicação e Obras, o deputado vai propor novamente a convocação de Pisseti.