Camargo suspeita de Beto no escândalo de propina

Ex-candidato do PTB à prefeitura de Curitiba nas eleições do ano passado, o deputado estadual Fábio Camargo disse ontem, 23, na Assembleia Legislativa, que está aguardando a conclusão de uma investigação que deverá apontar a identidade do coordenador do comitê de apoio à reeleição do prefeito Beto Richa (PSDB), formado por ex-candidatos a vereador do PRTB, flagrados recebendo propina.

Camargo afirmou que tem indícios de que Alexandre Gardolinski, que fazia os pagamentos, conforme fita mostrada no programa Fantástico, de domingo passado, tinha um superior na direção do comitê, que estaria diretamente ligado ao prefeito de Curitiba.

Segundo Camargo, esta pessoa seria responsável pela guarda dos recibos originais do pagamento aos ex-candidatos do PRTB. Camargo concorreu à prefeitura com o apoio oficial do PRTB, que teve uma ala liderada pelo ex-secretário de Assuntos Metropolitanos Manassés de Oliveira migrando para a campanha de Beto.

“Se for confirmado que havia um coordenador deste esquema para prejudicar a nossa candidatura e se for essa pessoa que recebia os recibos, o vínculo será inegável e inquestionável”, disse Camargo. Ele prometeu revelar o nome do suposto coordenador assim que obtiver as provas.

Camargo disse que a deserção dos candidatos do PRTB para a campanha de Beto prejudicou o PTB. Não apenas a sua candidatura a prefeito, como também dos candidatos a vereador da coligação PRTB/PTB, que não elegeu nenhum vereador no ano passado. “Além de estarem fora da nossa campanha, eles iam nos difamar nos bairros”, afirmou.

Pressa

O presidente estadual do PSDB, deputado Valdir Rossoni, fez um pronunciamento na sessão de ontem sobre o assunto, em que pediu investigações rápidas a respeito das denúncias.

“Quanto mais rápido investigarem, mais rápido a verdade virá à tona”, disse Rossoni, que respondeu a questionamentos feitos pelo deputado Tadeu Veneri (PT) e Luciana Rafagnin (PT).

O deputado do PT disse que a denúncia é grave e que o PSDB e o prefeito precisam esclarecer os critérios que usaram para contratar os funcionários da administração pública. E citou que a fita é inequívoca sobre a troca de favores.

Alguns dos principais personagens do escândalo ocupavam cargos na prefeitura, destacou o deputado. Ele também questionou o papel do procurador geral do município, Ivan Bonilha, que está atuando como porta-voz do prefeito. “O papel do procurador é defender a administração pública e não o prefeito”, disse Veneri.

Rossoni respondeu que Bonilha foi coordenador jurídico da campanha de Beto e, por isso, era a pessoa indicada para responder às denúncias, assim como Fernando Ghignone, ex-coordenador financeiro da campanha tucana.

Para Rossoni, as denúncias da oposição sobre a existência de caixa dois na campanha de Beto são reflexos do desempenho eleitoral do tucano. “Se o Beto achar que vai ser governador do Paraná, sem sofrer revezes, está enganado. Temos que estar preparados”, comentou o dirigente tucano.