Bueno deve apoiar Osmar, diz presidente do PDT

Além de afirmar que o melhor para o PDT é ter candidato à presidência da República, o presidente nacional do partido, Carlos Lupi, garantiu ontem, em Curitiba, que a aliança com o PPS é uma questão de tempo e defendeu que, no Paraná, o ex-deputado Rubens Bueno (PPS) apóie o senador Osmar Dias (PDT) ao governo. A posição do presidente do partido, manifestada em entrevista coletiva antes da abertura do encontro de vereadores do PDT do Paraná, no Centro de Convenções Embratel, foi na contramão do que pensam os pedetistas do Paraná.

Eles vêem na candidatura presidencial um estorvo à candidatura de Osmar ao governo e, até agora, estavam certos de que os aliados seriam o PFL e o PSDB no Paraná. Para o dirigente nacional, entretanto, um acordo não exclui o outro. Segundo Lupi, o PSDB e o PFL, que já têm candidato próprio à presidência da República, podem apoiar informalmente o senador paranaense na sucessão do governador Roberto Requião (PMDB). "Para o PSDB, para o Paraná, o melhor caminho é apoiar a candidatura do senador Osmar Dias. Fica mais fácil para o PSDB apoiar a chapa que vai ganhar a eleição", afirmou Lupi.

O presidente do PDT afirmou que caberá ao senador Osmar Dias costurar o acordo com Bueno no Paraná. "O Rubens é um homem sério e digno. E é competente para entender que aliados, o PPS e o PDT são imbatíveis. E que a prioridade absoluta é o apoio ao Osmar Dias no Paraná", declarou o dirigente pedetista.

A tese de Lupi na defesa da participação do PDT na sucessão presidencial se fundamenta em números. Ele disse que a última vez em que o partido teve um candidato próprio à presidência, Leonel Brizola, em 94, o PDT elegeu 36 deputados federais. Em 98, o partido apoiou Lula e fez 26 cadeiras na Câmara dos Deputados. Em 2002, na aliança em torno da candidatura de Ciro Gomes, foram 21 deputados. "O partido diminuiu por não ter uma candidatura nacional", comparou.

Sem definição

Lupi veio a Curitiba, acompanhado do pré-candidato do partido, senador Cristovam Buarque, do vice-presidente nacional e candidato ao governo do Maranhão, Jackson Lago, e do secretário geral, Manuel Dias. Buarque preferiu não tomar partido na polêmica sobre a candidatura presidencial ajudar ou não o partido a superar a cláusula de barreiras. O senador afirmou que, não apenas o PDT, mas outros partidos estão tendo dificuldades em conciliar a exigência de se adaptar à cláusula de barreira (que exige 5% dos votos da sigla no país para a Câmara dos Deputados) com a necessidade de ter um candidato à sucessão presidencial. "Se não tem candidato a presidente, o partido fica regionalizado. Ao mesmo tempo, tem que ter uma quantidade suficiente de parlamentares para romper a cláusula de barreira. Eu não vou entrar nessa discussão se a candidatura ajuda ou atrapalha. Não quero amanhã ser acusado de ter atrapalhado o partido na hora de superar a cláusula de barreira", afirmou.

Atraso

Conforme Lupi, as consultas que estão sendo feitas pelo partido nos estados têm apontado que a maioria é favorável ao lançamento de um candidato próprio à presidência. O partido ainda fará um encontro no Rio Grande do Sul e terá uma reunião nacional no final do mês, antes de definir. Segundo Lupi, ao ser fechada a aliança com o PPS, primeiro será discutido um programa conjunto para depois escolherem o nome do candidato a presidente.

Osmar: há diferença entre "querer e poder"

Elizabete Castro

Foto: Fabio Alexandre/O Estado

Osmar: "Conversando, nós podemos nos entender".

Cobrado para se definir de uma vez por todas sobre a candidatura ao governo, inclusive pelo irmão, o senador Alvaro Dias (PSDB), o senador Osmar Dias está refém das posições da direção nacional do partido para confirmar ou recuar da sua candidatura ao governo. Ontem, Osmar disse que jamais teria colocado seu nome na disputa se não quisesse ser candidato ao governo, mas que há uma diferença "entre querer e poder". Mesmo agora que Alvaro aparenta ter definitivamente desistido de concorrer ao governo, concentrando-se em sua candidatura ao Senado, Osmar continua amarrado às costuras nacionais.

Osmar afirmou que está seguindo o calendário eleitoral do PDT e que se já tivesse feito um pré-acordo com o PSDB e PFL teria que desfazer agora, depois que o PDT começou a negociar uma aliança com o PPS. "A questão não é querer, é poder. Quem determina é a legislação, a verticalização", disse o senador.

Sobre o PPS, Osmar afirmou que respeita a postura do partido em ter um candidato próprio no Paraná. E que tem os pés no chão para saber que deve conversar com Bueno no mesmo nível. "Conversando, nós podemos nos entender. Mas não estamos pedindo que o PPS retire sua candidatura ao governo. Assim como o PPS também não vai pedir que retiremos a nossa", comentou.

Água fria

Em nota oficial distribuída ontem, a direção do PPS disse que o partido está em busca de uma aliança nacional para construir uma alternativa ao atual modelo econômico. Mas que um acordo entre PDT e PPS para a sucessão presidencial não obriga os dois partidos a fazerem uma coligação no estado. Ainda de acordo com o PPS, se cada uma das duas siglas mantiver sua candidatura ao governo do Paraná, o candidato a presidente pela possível aliança sai beneficiado. "As duas candidaturas não afetam em nada o projeto de aliança nacional. Muito pelo contrário: criam dois palanques no estado para o candidato a presidente da República."

Na nota, a direção do partido afirmou que a candidatura do presidente estadual do PPS, Rubens Bueno, está decidida desde 2005. A nota destaca ainda que, em 2002, o PPS e o PDT fizeram uma aliança para a sucessão presidencial e, no Paraná, os dois partidos lançaram candidatos ao governo. "Ao contrário do que foi divulgado, a verticalização não impede PPS e PDT, mesmo estando coligados nacionalmente, de terem candidatos próprios no estado", afirma a nota do PPS.

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