Olho em 2010

Beto privilegia ala do DEM que o apóia para governador

A composição do futuro secretariado do prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB), expôs um movimento interno do PSDB com vistas à sucessão estadual de 2010 e uma leve divisão do aliado DEM quanto aos planos para o futuro.

Nos bastidores, a informação é que as indicações do presidente estadual do partido, deputado federal Abelardo Lupion, e o presidente municipal do DEM, deputado estadual Osmar Bertoldi, foram preteridas em favor de outro grupo, formado pelos deputados federais Alceni Guerra e Eduardo Sciarra, tidos como mais afinados com o projeto de transformar Beto em candidato tucano ao governo em 2010.

O DEM contemplado na equipe foi o que demonstrou mais empenho nesse projeto que a direção tucana não admite, mas que é tema único das conversas internas no partido.

Alceni será o novo secretário do Planejamento e Sciarra emplacou a nova diretora-presidente do Instituto Curitiba de Turismo, Juliana Vosnika. Ambos estão fechados com a candidatura de Beto ao governo, garantem algumas alas do DEM.

Já Lupion e Bertoldi têm demonstrado mais simpatia por uma composição com o senador Osmar Dias, pré-candidato do PDT ao governo do Estado. Lupion já anunciou, logo após a eleição, que tem vontade de concorrer ao Senado em 2010.

Uma candidatura que é considerada mais viável numa chapa em que o senador Osmar Dias seja candidato ao governo, do que numa grande composição em que Beto seja o cabeça de chapa e onde o pedetista também disputasse uma vaga ao Senado.

“Folclore”

O atual secretário de Comunicação e que vai acumular a função com a chefia de gabinete do prefeito no próximo mandato, Deonilson Roldo, disse que as escolhas de Beto se pautaram por critérios técnicos e políticos, mas não eleitorais.

“Isso tudo é folclore. Não teve a menor influência da sucessão. O DEM tem duas posições na equipe e uma das pessoas que mais vezes estiveram com o Beto neste período foi o deputado Osmar Bertoldi”, disse.

Roldo destacou que Alceni sempre teve uma proximidade com o prefeito e, que nas eleições de 2006 para a Câmara dos Deputados, fez várias dobradas com candidatos tucanos ligados ao prefeito. O secretário de Comunicação também destacou que foram decisivos no convite a Alceni as suas qualidades técnicas e o seu trânsito político.

Até o início deste ano, Alceni estava se dedicando ao governo do Distrito Federal, onde ocupava o cargo de secretário-extraordinário de Educação Integral. No Paraná, Guerra teve uma participação no governo do PMDB, no segundo mandato de Roberto Requião, que o convidou para ocupar a direção do Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento (Lactec), que assumiu no início do segundo mandato do governo Requião.

Roldo garantiu que não houve nenhuma intenção de “isolar” ou “excluir” esta ou aquela ala. “O prefeito quis expressar seu reconhecimento aos partidos que o apoiaram. Agora, os partidos têm que se entender internamente e também é preciso respeitar as posições do prefeito. Nos partidos, tem sempre uma ala que tem uma opinião, que a outra discorda. É natural”, disse o secretário, respondendo também ao presidente estadual do PP, Ricardo Barros, que declarou a O Estado que seu partido não está contemplado na equipe de Beto.

“O PP tem duas posições no secretariado: as secretarias de Esportes e Antidrogas. E foram avalizadas pelo partido”, disse Roldo. Ele citou que a participação do PP na equipe foi discutida em várias conversas entre o prefeito e dirigentes municipais do PP, como Alberto Claus. E também tiveram o aval dos deputados federais Nelson Meurer e Dilceu Sperafico.