Alvaro recebe principais críticas em debate na TV

Primeiro colocado nas pesquisas de intenções de votos, o senador Alvaro Dias (PDT) foi o “saco de pancadas” do debate de anteontem realizado pela Rede Paranaense de Comunicação entre os candidatos ao governo. Alvaro passou as pouco mais de duas horas de debates toureando os adversários. O mais agressivo nas investidas foi o candidato do PMDB, senador Roberto Requião, que não deu tréguas e transformou o programa num inferno para o pedetista. A discussão de propostas foi permeada por ataques e provocações mútuas.

O candidato do PSDB, Beto Richa, e Padre Roque, do PT, fizeram um ringue paralelo pelo terceiro lugar na disputa e trocaram farpas e provocações. O candidato do PPS, Rubens Bueno, tentou se esquivar do tiroteio e apareceu como diplomata, embora tenha feito alguns disparos contra os dois ex-governadores, mirando mais em Alvaro.

O candidato do PSC, Giovani Gionédis, abriu a brecha para Requião desferir seus ataques. Gionédis burlou as regras do programa e ao invés de questionar o peemedebista sobre “transportes”, tema indicado pela produção, perguntou a Requião sobre o nível da campanha. O peemedebista queixou-se dos ataques que sofreu durante o programa eleitoral e deu início ao processo de resgate dos “esqueletos” do armário. Acusou Alvaro de falta de escrúpulos. Voltou a criticar a aliança eleitoral do pedetista com o PPB e PTB e associou-o aos desvios de verbas da Prefeitura de Maringá.

Alvaro deu o troco e chamou Requião de “candidato do desespero”, que usa de agressões e calúnias para superar as desvantagens nas pesquisas de intenções de votos. Disse que em seu horário no programa eleitoral não atacou ninguém e que o responsável pela tentativa de “satanização” do peemedebista foi seu aliado, o deputado federal e presidente estadual do PPB, José Janene. Alvaro também tentou vincular Requião às irregularidades em Maringá.

Quanto a Beto, Requião trouxe à tona um acidente de trânsito em que o pai do candidato tucano, o ex-governador José Richa, teria se envolvido na década de 60 e que resultou na morte de uma pessoa. Foi sua resposta às acusações feitas pelo tucano de que o senador interferiu num acidente de trânsito envolvendo o sobrinho do candidato peemedebista no ano passado em Curitiba, acusado de causar a morte de duas pessoas. Beto não respondeu diretamente ao comentário. Preferiu acusar Requião de ter traído seu pai, na campanha eleitoral de 90.

Giovani Gionédis também partiu para cima de Beto. Resgatou as investigações do Ministério Público sobre irregularidades no envio de dinheiro ao exterior e acusou a mulher do candidato, Fernanda, de ter uma conta CC-5 com US $1,5 milhão. Tentou a cumplicidade de Rubens Bueno para discutir o caso, mas não foi bem recebido. Assim como fez com Requião, quando o peemedebista pediu sua opinião sobre o desvio de verbas em Maringá, o candidato do PPS recusou-se a alimentar a denúncia contra a mulher do tucano, sempre com o argumento de que estava disposto a debater apenas sobre propostas de governo.

A pose de estadista de Bueno quase desmontou quando entrou num bate-boca com Álvaro. O senador, ao responder uma pergunta, lembrou que o candidato do PPS foi secretário de Estado no seu governo. Bueno se irritou. Disse que deixou a equipe e se juntou à oposição por discordar da condução da administração e relembrou o incidente na greve dos professores, em 88. Os microfones foram cortados pela produção do programa.

Governo reage a ataques da oposição

O governo do Estado distribuiu nota ontem em resposta às críticas que recebeu no debate entre os candidatos a governador que foi levado ao ar anteontem pela Rede Paranaense de Comunicação. A nota classifica as críticas de “infundadas ou inverídicas” e esclareceu, sobre as denúncias de que os servidores do Estado não recebem reajustes há oito anos. “Nos últimos oito anos, todos os servidores públicos do Paraná receberam reajustes e benefícios salariais. O percentual de correção variou de uma categoria para outra, mas na média o ganho real, já descontada a inflação, foi de 41%. Em valores corrigidos, a folha de salários era de R$ 166,064 milhões em dezembro de 1994, antes portanto de o atual governo assumir o poder. Hoje, a folha de pagamento é de R$ 234,553 milhões”, diz a nota.

Sobre as críticas à política de saneamento adotadas pelo governo, a nota diz: “Nos últimos oito anos, o governo assegurou, através da Sanepar, mais 378.000 ligações de esgoto em todo o Estado. Até janeiro de 1995, havia apenas 341.449 ligações de esgoto. Isto quer dizer que a atual administração estadual fez mais do que todos os demais governos juntos haviam realizado até então. Foram investidos R$ 1,5 bilhão para elevar o índice médio de coleta de esgoto de 28% para 42% da população”.

O governo também reagiu aos ataques à sua política industrial. “O programa de industrialização implantado no Paraná, a partir de 1995, não discrimina empresas nacionais ou estrangeiras. Tanto que 59% dos protocolos que asseguram incentivos fiscais para a implantação ou expansão de indústrias beneficiam empresas nacionais. A concessão de incentivos maiores para as empresas que optam por se instalar no interior do Estado assegurou uma distribuição equilibrada de oportunidades. No primeiro semestre deste ano, segundo informações divulgadas pelo Dieese, 93% dos 7.062 empregos criados no setor industrial beneficiaram o interior do Estado. Foram 6.573 vagas para o interior e 489 para a Região Metropolitana de Curitiba”.

Na área de agricultura, o governo também condenou os ataques dizendo: “O apoio firme do Governo ajudou os produtores rurais paranaenses a aumentarem em 50% a safra agrícola do Estado nos últimos oito anos. Só o programa Paraná 12 Meses, de combate à pobreza no campo e melhoria da qualidade de vida dos agricultores, garantiu a liberação de R$ 279 milhões a fundo perdido. O dinheiro foi usado por 100 mil famílias na reforma de casas, construção de instalações sanitárias e compra de implementos agrícolas. O programa também assegurou a distribuição de 500 mil toneladas de calcário para a melhoria da produtividade em pequenos propriedades”.

A nota esclarece também o programa das Vilas Rurais, executado pela atual administração. “São 405 Vilas Rurais implantadas, que beneficiam 80 mil pessoas. O programa de Vilas Rurais garante casa de 45 metros quadrados para morar, terra para plantar, saneamento, educação e saúde. Qualificar as Vilas Rurais de “favelas rurais”, como disse um candidato, é uma ofensa inaceitável para um programa que tem o reconhecimento da Organização das Nações Unidas (ONU) como iniciativa que melhora a vida de pequenos agricultores. É também uma ofensa que merece o repúdio de todos os técnicos responsáveis pelo programa e dos moradores das Vilas Rurais”, diz a nota.

O governo respondeu também aos ataques sobre a adoção do pedágio. “Não há contratos secretos com as concessionárias que administram as rodovias do Anel de Integração. Os contratos são públicos e foram publicados no Diário Oficial do Estado. As regras são transparentes e os serviços a serem de conservação e modernização das estradas são fiscalizados continuamente pela Comissão Tripartite, composta por representantes de usuários das rodovias, do governo do Estado e das concessionárias”, diz.

Na área de segurança pública, o governo destacou as ações que desenvolveu nos últimos oito anos. “Todas as denúncias que envolvem policiais em crimes ou atos de corrupção foram ou estão sendo investigadas. Na Polícia Civil, a Corregedoria da Polícia Civil tem total autonomia para realizar processos investigatórios com o objetivo de punir desvios de conduta. Na Polícia Militar, os procedimentos adotados têm garantido a exclusão e punição de policiais envolvidos em irregularidades. Os investimentos contínuos na contratação de novos policiais, na aquisição de equipamentos e na ampliação do Sistema Penitenciário melhoraram significativamente as condições de atuação das forças de segurança. No Sistema Penitenciário, a atual administração garantiu a abertura de mais 4.166 vagas, contra as 3.624 que existiam até janeiro de 1995. Isto é, a administração Jaime Lerner fez mais do que todos os governos anteriores juntos”.

Candidatos trocam acusações

O candidato ao governo do Estado pelo PPS, deputado federal Rubens Bueno, Requião e Alvaro trocaram agressões explícitas, Padre Roque e Beto Richa se engalfinharam em acusações mútuas. Rubens passou ao largo da baixaria. Desde o início, mostrou que estava ali para discutir idéias, propostas, expor seu plano de governo. Provocado por outros candidatos para atacar os adversários, esquivou-se das armações e priorizou o diálogo direto com o telespectador.

“O Rubens deu um show de elegância e civilidade”, diz a candidata a vice, Sigrid Andersen (PV). “Comprovou que é preparado, tem idéias próprias, não estava lá como um títere manipulado por assessores. Para além da marquetagem que induzia o comportamento de outros, Rubens disse a que veio. A extraordinária repercussão do debate mostra que seu preparo e competência estão sendo reconhecidos pela população”, acrescentou Sigrid.

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