Aliança com PMDB causa alvoroço entre os tucanos

Ao relacionar como uma das possibilidades do cenário eleitoral do próximo ano uma aliança entre o PSDB e o PMDB na disputa para o governo no Paraná, o deputado estadual Hermas Brandão, vice-presidente estadual do PSDB e presidente da Assembléia Legislativa, desencadeou reações que foram da incredulidade à censura dentro do seu próprio partido e até ameaças de rompimento, vindas do PFL.

O presidente do diretório estadual do PSDB, Valdir Rossoni, disse que as declarações de Brandão causaram mal-estar entre os tucanos e aliados e negou qualquer possibilidade de esse acordo vir a se transformar em realidade. Brandão disse que se for mantida a verticalização (a obrigação de os partidos que disputam a sucessão presidencial com candidatura própria reproduzirem nos estados as mesmas alianças nacionais), o PMDB poderia apoiar o candidato tucano à presidência da República e o PSDB retribuiria com apoio ao candidato do PMDB ao governo. "O Hermas fez futurologia. É difícil acreditar que o Requião vá tirar a veste lulista para vestir a veste tucana. A possibilidade disso ( o apoio dos tucanos à reeleição do governador Roberto Requião ) acontecer é zero. Jamais o Requião vai apoiar um candidato tucano para a presidência da República", afirmou Rossoni.

Ele relatou que passou a manhã de ontem ao telefone explicando para os filiados do partido que não há acordo com o PMDB. Entretanto, na véspera, fontes próximas ao PSDB revelaram que Rossoni e Brandão jantaram com o governador Roberto Requião, que não foi surpreendido pelas declarações do presidente da Assembléia. Dos nove deputados estaduais tucanos, sete votam com o governo em plenário.

Mas o deputado federal Affonso Camargo teve uma reação indignada e divulgou uma nota não apenas negando as chances de uma composição entre tucanos e peemedebistas no estado, mas atacando o governador Roberto Requião. "… eu afirmo que com ou sem verticalização a chance de o PSDB apoiar o Requião é zero. O Requião pratica um governo da mentira, da hipocrisia, da ofensa e do desaforo…", disparou o deputado.

No PFL, coligação preferencial dos tucanos no estado, a conjectura de Brandão levou o secretário-geral do partido, deputado Elio Rusch, a declarar que o seu partido também está no jogo e "também sabe jogar pesado". Rusch disse que o PFL jamais vai estar num palanque com o atual governador do Paraná e que se o PSDB optar por essa fórmula, eles estão fora do acordo. "Se não fizermos uma aliança com o PSDB, em última instância lançamos candidato próprio", declarou Rusch. Para o pefelista, a coligação PMDB-PSDB e PFL "é o mesmo que misturar água com gasolina e pôr no carro para fazer andar".

Prudência

O vice-presidente do PDT, deputado estadual Augustinho Zucchi, disse que a aliança entre o seu partido e os tucanos em torno da candidatura do senador Osmar Dias ao governo é uma possibilidade que está em pé, mantida ou não a verticalização das coligações. "Nós estamos resolvidos. O PDT nacional vai priorizar os estados e há um compromisso de que teremos liberdade de coligações", afirmou o deputado.

Ele minimizou a preocupação tucana sobre a situação do PDT caso a verticalização continue em vigor. Para Zucchi, a candidatura de Osmar ao governo é prioriedade da direção nacional e o partido não lançará candidato à presidência da República para não atrapalhar os acordos regionais.

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