Crise

Alceni Guerra pede intervenção no DEM

O apoio declarado do presidente estadual do DEM, deputado federal Abelardo Lupion, à candidatura de Osmar Dias (PDT) ao governo do Estado gerou uma crise interna no partido.

Ex-secretário de Planejamento do prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB), o deputado federal Alceni Guerra (DEM) enviou carta ao presidente do partido, deputado Rodrigo Maia (RJ) solicitando seu afastamento da bancada caso a direção nacional não intervenha na situação do DEM do Paraná.

Na carta, Guerra lembra que a bancada federal do DEM fechou posição unânime, em reunião no último dia 18, na casa do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), de manter a aliança histórica do partido com o PSDB, apoiando, nas eleições no ano que vem qualquer candidato que o PSDB vier a escolher para a sucessão presidencial.

“Mesmo não concordando, por entender que como partidos aliados podemos sim debater junto com o PSDB esse nome, aceitei a posição, pela unidade do partido”, disse Guerra à reportagem.

“Mas, no mesmo dia, o deputado Lupion, que participou de nossa reunião, reuniu-se, também, com o pessoal do PDT e firmou publicamente apoio à candidatura de Osmar Dias, que formará palanque eleitoral para a ministra Dilma Rousseff (PT). E, o que é mais grave, fez isso sem nos consultar e sem consultar a bancada de deputados estaduais do partido”, continuou.

Agência Câmara
Lupion cobra: e os compromissos?

Na carta, Guerra disse sentir-se ludibriado e classificou a atitude de seu presidente estadual como uma traição. Ele justificou seu pedido de afastamento da bancada por classificar a atitude de Lupion como uma desobediência à orientação da bancada, que precisaria ser coibida e advertida pelo partido.

“Por sentir-me ludibriado no meu compromisso com o governador Arruda, com meu presidente nacional, com meus colegas deputados e senadores, com o Conselho Político, peço-lhe que aceite meu desligamento desta aguerrida bancada do DEM. Ou: pelo desconforto dos demais deputados, ludibriados e expostos como eu, intervenha no nosso Diretório Estadual, para por fim aos equívocos de nosso presidente, que nos submete ao ridículo em todo o Paraná e em todo o Brasil”, diz a carta de Alceni Guerra.

“O meu desligamento é uma atitude que só depende de mim. Não sigo mais as orientações da bancada. A intervenção depende da direção nacional. Por isso coloquei as questões nessa ordem. É lógico que se, o partido desfizer essa estupidez política de nosso presidente estadual, me sentirei contemplado e voltarei a atuar com a bancada”, explicou.

Através de sua assessoria de imprensa, o deputado Lupion disse que não iria comentar, ainda, a carta de Alceni, por só ter tomado conhecimento do documento através da imprensa.

Na nota, Lupion lembra que o acordo entre PDT e DEM nos estados do Paraná e Rio Grande do Sul foi chancelado pelos presidentes nacionais dos dois partidos. “E que em momento algum foi conversado sobre a possibilidade de não ocorrer apoio ao candidato presidencial do PSDB, fato consumado no Democratas”. A nota diz, ainda que a aliança obedece a compromissos assumidos anteriormente entre os partidos no Paraná. Lupion reúne-se hoje com Rodrigo Maia.

Elio Rusch defende a união

Elizabete Castro

Fábio Alexandre
Para  o deputado Elio Rusch, “na política, tem que existir coerência”.

O secretário geral do diretório estadual do DEM, deputado Elio Rusch, discordou da iniciativa do deputado federal Alceni Guerra de pedir intervenção no diretório estadual.

“O caminho é discutir dentro do nosso partido, aqui”, afirmou o dirigente estadual, que acha que os esforços deveriam ser direcionados para manter a aliança entre DEM, PDT e PSDB nas eleições para o governo.

Ele lembrou que, na semana passada, o presidente nacional do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), o presidente estadual, deputado federal Abelardo Lupion, e o senador Osmar Dias, pré-candidato do PDT ao governo, reuniram-se e discutiram a possibilidade de aliança no Paraná.

“O que nós queremos fazer é dialogar para manter a coligação que elegeu o prefeito Beto Richa no ano passado e que é a mesma de 2006, quando o senador Osmar Dias disputou o governo”, afirmou.

A aproximação entre os tucanos e os peemedebistas no Paraná está sendo vista com reservas pelo secretário do diretório estadual do DEM. “Na política, tem que existir coerência”, afirmou Rusch, que não vê afinidades entre o PSDB e o PMDB do Paraná.

“O PMDB foi nosso adversário na eleição para o governo e prefeitura. Quando você faz uma coligação e tem que começar a explicar, começa a ficar difícil”, afirmou.

O secretário do DEM entende que, mais do que buscar ou receber o apoio dos peemedebistas, o grupo deveria trabalhar para impedir a divisão entre tucanos e pedetistas. “A unidade do grupo pode nos levar à vitória. Independente se o candidato for o senador Osmar Dias, o senador Alvaro Dias ou o prefeito Beto Richa”, disse.

Por não ter candidato ao governo e integrar essa coligação com o PSDB, o DEM tem o direito de opinar sobre as negociações com o PMDB, afirmou Rusch. Ele acha que uma aliança incluindo o PMDB segue a lógica da candidatura única ao governo. “Quem não gostaria de ser governador com uma candidatura única no Estado? Mas é preciso ter coerência”, afirmou.