Acabou! PMDB vai sem Hermas e de chapa pura

Um telefonema do senador Tasso Jereissati, presidente nacional do PSDB, ao senador Alvaro Dias (PSDB), na noite de anteontem sepultou a aliança entre o PMDB e o PSDB no Paraná. Jereissati comunicou a Alvaro que a direção nacional iria manter o veto a coligação entre os dois partidos no estado. Jereissati pediu a Alvaro que comunicasse a decisão ao deputado estadual Hermas Brandão (PSDB) que, nos últimos dias, tinha pressionado o diretório nacional para que recuasse da anulação da aliança.

Ontem pela manhã, Requião reuniu-se com Brandão e o vice-governador, Orlando Pessuti, e anunciou que vai concorrer de chapa pura mais uma vez. Em 2002, o PMDB também concorreu com nomes do próprio partido. A nova chapa será apresentada ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) até a próxima quinta-feira, dia 17, mantendo-se a coligação com o PSC.

Pessuti deve ser indicado para ocupar mais uma vez a posição de candidato a vice-governador, no lugar de Hermas Brandão. Ainda ontem à tarde, a assessoria jurídica do PMDB oficializou no TRE a desistência do prazo de recursos, ou seja, abdicou de contestar a posição da direção nacional do PSDB junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O prazo para o ajuizamento de um recurso contra a decisão do TRE de acatar a impugnação da aliança vencia ontem.

Senado

O PMDB anunciou que irá lançar também um candidato ao Senado. O coordenador jurídico do PMDB, Luiz Carlos Delazari, disse que o partido pode indicar um candidato já que abdicou do registro de um nome da primeira vez, porque estava coligado ao PSDB, que inscreveu o senador Alvaro Dias. Segundo Delazari, desfeita a aliança, o PMDB volta a ter direito a lançar um nome ao Senado.

Entre as possibilidades cogitadas ontem estavam o ex-secretário de Desenvolvimento Urbano, Renato Adur, e o deputado federal Osmar Serraglio. O ex-governador Paulo Pimentel foi consultado, mas rejeitou de pronto o convite. Também entraram na lista do PMDB os nomes do deputado estadual, Rafael Greca de Macedo, e o ex-secretário de Meio Ambiente, Luiz Eduardo Cheida. Greca está registrado como candidato à reeleição e Cheida e Serraglio são candidatos à Câmara dos Deputados.

Ontem, no início da tarde, a fotografia e o nome de Brandão foram retirados do site oficial da candidatura ao governo. Sem a aliança, o PMDB volta a ter 2 minutos e 54 segundos. Com a coligação, o tempo era de 4 min e 24 segundos em cada bloco da propaganda para o governo.

Conselhos

Antes de desistir de entrar em um acordo com o governador Roberto Requião (PMDB) no Paraná, Jereissati conversou com vários tucanos paranaenses. E também com lideranças do PPS e PFL que apóiam no Paraná a candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB) à presidência da República. Além deles, também foram procurados pela cúpula tucana o candidato do PDT ao governo, senador Osmar Dias, e o ex-deputado Euclides Scalco, coordenador do conselho político do pedetista.

Jereissati, Alckmin e o coordenador da campanha presidencial, senador Sérgio Guerra, estavam sondando como seria recebida a liberação da aliança com Requião. As respostas foram comuns: a medida não seria bem vista pelos aliados de Alckmin, no Paraná, que são também os adversários do governador no Estado.

A maioria dos consultados disse aos tucanos que não havia certeza de que o PMDB apoiasse Alckmin para a presidência da República. Requião já havia dito que permaneceria neutro.

Hermas diz que continua na campanha

Ex-candidato a vice-governador, o deputado estadual Hermas Brandão (PSDB) disse ontem que está fora da chapa, mas não da campanha do governador Roberto Requião (PMDB). Brandão afirmou que não irá disputar a eleição – ele poderia entrar ainda na chapa de deputado estadual do PSDB em substituição a outro inscrito – mas decidiu que não concorre. ?Estou fora da disputa, mas não da campanha. Estou mais envolvido do que antes na campanha?, afirmou.

Na próxima segunda-feira, o deputado pretende conceder uma entrevista coletiva para comentar o desfecho do projeto de aliança com o governador. Ontem, ele fez seis comícios ao lado de Requião no interior do Estado. Brandão afirmou que lamenta o fim da aliança, mas que a direção nacional fez uma opção.

De prontidão

Embora não tenha sido confirmado oficialmente como candidato à reeleição ao cargo, o vice-governador, Orlando Pessuti, (PMDB) disse ontem que, desde o início das articulações eleitorais, o governador Roberto Requião (PMDB) havia dito a ele que, na eventualidade de o PMDB lançar uma chapa pura, ele teria que repetir a posição de 2002. Foi por isso que, mesmo tendo sido indicado para a vaga de conselheiro do Tribunal de Contas, em março deste ano, Pessuti não foi nomeado.

Cauteloso, Pessuti disse ontem que a indicação ainda não é definitiva, mas que está pronto para substituir o deputado Hermas Brandão na chapa majoritária. ?Esta era uma situação previsível. Sabíamos que poderia haver problemas na aliança?, disse o atual vice-governador.

Para Pessuti, o PMDB não errou ao apostar na aliança com o PSDB. ?Se houve problemas, foi com o PSDB. Quem foi enganado no processo foi o deputado Hermas Brandão. Ele lutou bravamente na convenção e ganhou. Nós acreditamos nele, num grupo de sete deputados estaduais e na decisão da convenção?, avaliou o vice-governador.

Para Alvaro, Alckmin fica no prejuízo

Foto: Agência Senado

Alvaro: naufrágio.

O fim da aliança entre peemedebistas e tucanos pouco modifica o quadro das intenções de voto no Estado, mas prejudica a campanha de Geraldo Alckmin à presidência da República. A avaliação foi feita ontem pelo senador Alvaro Dias (PSDB), que tinha garantido parte do apoio do PMDB à sua candidatura.

Para Alvaro, o governador Roberto Requião (PMDB) terá a sua cota de prejuízo no que se refere à sua estrutura de campanha, que terá de ser refeita por conta do naufrágio do acordo com os tucanos. ?Houve uma desestruturação. O PMDB terá que recompor a chapa e haverá uma redução no tempo de televisão?, citou. Mas Alckmin também perde, disse o senador. ?Há um prejuízo para o Alckmin porque ele deixará de ter a mais forte estrutura partidária do estado?, comentou Alvaro. Para o senador, quem ganha com o rompimento da aliança é o seu irmão, o candidato ao governo do PDT, senador Osmar Dias. ?O Osmar ganha em função das turbulências causadas por esse episódio na campanha do adversário?, disse.

Alvaro acredita que, entre os tucanos, não vai haver mudanças. Aqueles que estavam com Requião, irão continuar ao lado do governador. E quem já havia decidido seguir com Osmar, não vai alterar sua posição, afirmou. disse, ainda, que no seu caso, haverá uma perda de votos dentro do PMDB, mesmo sustentando a tese de que o governador não poderá lançar um candidato ao Senado.

Voltar ao topo