Polícia prende acusados de aplicar golpe para receber precatórios

O Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos (Nurce) da Polícia Civil prendeu, nesta terça-feira (11), quatro pessoas acusadas de integrar uma quadrilha especializada em aplicar golpes para receber, ilegalmente o pagamento de precatórios do governo estadual. Duas pessoas estão foragidas, entre elas o advogado Carlos Alberto Pereira, 56 anos, acusado pela polícia de ser o chefe da quadrilha. De acordo com o delegado Sérgio Sirino, coordenador do Nurce, o grupo já teria lucrado cerca de R$ 100 milhões com pelo menos 60 golpes.

A operação batizada como ?Máfia dos Precatórios? foi realizada em Curitiba com a participação do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) e da Polícia Federal. Olorbi dos Santos Pinheiro, Joana Anelise Ludewig, Messias Alves de Assis e José da Silva foram presos acusados de formação de quadrilha, estelionato, falsificação de documento público, falsidade ideológica e coação no curso do processo.

O advogado acusado de chefiar o esquema já teve sua licença cassada preventivamente pelo Tribunal de Ética e Disciplina da OAB-PR. Ele é apontado como proprietário dos dois imóveis, um no Centro de Curitiba e outro no bairro Pilarzinho, onde funcionavam os escritórios da quadrilha. Silva e Pinheiro seriam os donos da empresa Sitserve usada nos golpes. Pereira foi a testemunha para a criação da empresa.

As investigações começaram há cerca de dez dias, depois que a Justiça Estadual e também a Procuradoria Geral do Estado acionaram o Nurce desconfiadas do golpe. ?Desconfiada, a Justiça convocou mais de 60 pessoas que teriam recebido o dinheiro dos precatórios. Cerca de 23 que deveriam ter recebido estão mortas e o restante foi enganado pelo advogado, que utilizava procurações falsas para sacar o dinheiro. Com a constatação, a Justiça determinou a instauração do inquérito?, explicou Sirino.

Sirino contou que os golpes eram aplicados de várias maneiras. ?Em uma delas, o advogado já havia conseguido a procuração para receber os precatórios. Mas, no decorrer do processo, algumas pessoas morreram. Mesmo assim, eles conseguiram receber e não repassaram nada para a família. Em outros casos, a quadrilha fraudava os documentos passando o direito de receber os precatórios para a empresa Sitserve, registrada no nome do advogado. Eles embolsavam o dinheiro?, disse o delegado. A maioria das vítimas seria, segundo Sirino, pessoas ?simples e de pouco conhecimento?.

Prisões

Joana Anelise Ludewig foi presa no escritório da Rua João Negrão, 380, no Centro de Curitiba. Olorbi dos Santos Pinheiro, Messias Alves de Assis e José da Silva foram presos no escritório do bairro Pilarzinho, na Rua João Meisster Sobrinho. A polícia procura, além do advogado, uma mulher identificada como Dirce, que seria funcionária de um dos escritórios e faria parte da quadrilha.

Glossário

Precatório é uma determinação judicial para que um órgão público, seja municipal, estadual ou federal, pague indenização devida. Os precatórios devem ser pagos em ordem cronológica (primeiro os mais antigos), independente do valor.

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