O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) estuda criar um sistema de certificação a ser utilizado pela cadeia produtiva de plantas medicinais. A informação foi dada pelo coordenador geral de Sistemas de Produção Integrada e Rastreabilidade, José Rozalvo Andrigueto, durante a solenidade de lançamento do Manual de Plantas Medicinais, na última terça-feira. A publicação traz orientações gerais para o cultivo de plantas medicinais, aromáticas e condimentares com a utilização de boas praticas agrícolas (BPA).
Segundo Andrigueto, ao seguir as recomendações de boas práticas, o produtor poderá garantir segurança ao consumidor e aos demais segmentos da cadeia produtiva quanto a pureza e preservação dos princípios ativos das plantas medicinais utilizados na fabricação de fitoterápicos. ?Mas é necessário o envolvimento de toda a cadeia produtiva na utilização de boas práticas agrícolas desde o plantio, manejo, colheita, pós-colheita e nas boas práticas de industrialização, distribuição e comercialização, para que todas as características microbiológicas e seus princípios ativos sejam mantidos?, alertou.
Cirino Corrêa Júnior, da Emater/Paraná e co-autor da publicação, acrescentou que o Manual de Plantas Medicinais informa que 80% dos produtos que estão no mercado são considerados de baixo padrão. ?É um número alarmante e estamos trabalhando para melhorar a qualidade das plantas medicinais produzidas no Brasil e que são destinadas à fabricação dos fitoterápicos?, alertou.
Segundo Corrêa Júnior, os investimentos no segmento de plantas medicinais ainda são pequenos, contando apenas com os órgãos oficiais. ?Já entramos com um pedido no Banco do Brasil para que ele possa financiar algumas culturas, como a camomila e o ginseng, que são plantas consagradas no mercado?, informou. Ele comentou ainda que, apesar dos baixos investimentos, o mercado de plantas medicinais encontra-se em expansão com taxa de crescimento entre 5% a 10% ao ano e deve atingir em 2010 US$ 47 bilhões em todo o mundo. No Brasil, o valor movimentado pelo setor deve alcançar no período, US$ 1,5 bilhão.
Diversidade
Na opinião do pesquisador, o Brasil tem diversidade de clima e solo que são favoráveis ao cultivo de espécies bem aceitas pelo mercado. ?Temos hoje identificadas no país em torno de 3 mil espécies nativas e temos potencial para produzir mais 10 mil espécies que poderão entrar no mercado com grande futuro de comercialização e economicamente viável?, avaliou.
No que se refere à pesquisa de plantas medicinais e aromáticas, Corrêa Júnior afirma que ela ainda é incipiente, apesar do grande potencial de mercado. Citou que uma entidade do Paraná é uma das poucas que investe neste tipo de pesquisa. ?Contamos nos dedos os agrônomos que realizam algum trabalho efetivo nesta área, cerca de 8 ou 10?, desabafou.
Tanto José Rosalvo Andrigueto quanto Cirino Corrêa Júnior admitem avanços, mas concordam que é preciso popularizar esse sistema de produção para que todos os envolvidos conheçam os procedimentos que devem ser adotados para tratar cada espécie de planta medicinal. Para isso, acreditam, é necessário aumentar a divulgação e intensificar treinamento junto aos profissionais que vão trabalhar com plantas medicinais. ?Com conhecimento e um trabalho bem feito, o produtor será melhor remunerado?, destacou Andrigueto.
O chefe do gabinete do ministro da Agricultura, Mação Tadano, diz que o Manual de Cultivo de Plantas Medicinais tem importância tanto no sentido social quanto humano, especialmente quando se trata da saúde dos cidadãos. Ele reconheceu que muitas pessoas não têm acesso aos serviços públicos de saúde por diversos fatores, como distância de postos de saúde ou hospitais, e a disponibilidade dessas plantas pode substituir as medicações. ?A regulamentação do tema está pronta, falta divulgar e transferir conhecimento. Somos ricos em potencial botânico, agora temos que continuar a identificar essas plantas com capacidade medicinal e fazer uso devido delas?, finalizou.
Informações sobre como adquirir O Manual de Orientações para o Cultivo de Plantas Medicinais poderão ser obtidas na Biblioteca Nacional de Agricultura (Binagri), localizada na Esplanada dos Ministérios – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Bl. D, Anexo B, térreo. Telefones (61) 3218-2567 ou 0800-61-1995.