PF prende 24 advogados e empresários

A Polícia Federal (PF) desencadeou hoje a Operação Monte Éden e prendeu 24
advogados e empresários envolvidos em suposto esquema de proteção patrimonial,
por meio de lavagem de dinheiro, evasão de divisas, sonegação e falsificação de
papéis usando laranjas e offshores – escritórios de fachada – no Uruguai. A
investigação federal indica que 40 empresas dos setores de combustível, têxtil,
plástico, informática e avícola teriam ocultado da Receita um volume de R$ 150
milhões em ativos, em 2004.

A ação atingiu sete Estados – São Paulo, Rio,
Mato Grosso do Sul, Ceará, Pernambuco, Espírito Santo e Paraná – e foi decretada
pela juíza federal Ana Paula Rodrigues Mathias, da 5.ª Vara Criminal Federal do
Rio. A juíza expediu 80 mandados de busca e 30 decretos de prisão temporária.
Quinhentos agentes da PF e 50 auditores da Receita foram mobilizados. O governo
uruguaio cooperou abrindo dados sobre sociedades anônimas financeiras
registradas em Montevidéu.

A maioria das prisões ocorreu em São Paulo,
onde fica o escritório de advocacia Oliveira Neves, apontado pela Procuradoria
da República como um dos principais envolvidos. O titular da banca, Newton José
de Oliveira Neves, autodenomina-se "um dos mais conceituados advogados do País,
com mais de 25 anos de experiência, atuando junto a empresas nacionais e
multinacionais".

Ele intitula-se "especialista em direito empresarial,
tributário, societário, internacional e investimentos estrangeiros". Não omite
que trabalha com "proteção de bens". Outros quatro escritórios estão sob
investigação.

Neves chegou algemado à sede da PF. Ele foi preso em sua
cobertura na Alameda Jaú, nos Jardins. Teria lucrado R$ 20 milhões em 2004
protegendo bens de clientes. O arrastão da PF levou para a prisão mais quatro
advogados desse escritório, na esquina das Alamedas Santos e Bela Cintra – Ana
Cláudia Mello, Antonio Teixeira Araújo Jr., Fernanda Duran de Souza e Cíntia
Maceron. O estagiário Hugo Nader de Lima também foi capturado.

A origem
da investigação é o empresário Antônio Carlos Chebabe, cliente de Neves. A PF
monitorou telefones do advogado e de outros suspeitos durante seis meses. São
cerca de 30 horas de grampo. Segundo a PF, a escuta revela Neves orientando
Chebabe sobre o melhor caminho para blindar patrimônio.

O superintendente
regional da PF em São Paulo, José Ivan Guimarães Lobato, chamou a Monte Éden de
"exitosa". A procuradora da República Patrícia Castro Nuñes disse que as prisões
e buscas são "um trabalho fantástico". Guilherme Adolfo dos Santos Mendes,
superintendente-adjunto da Receita, informou que os empresários serão autuados.

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