A Petrobras deve repassar ainda este mês um novo reajuste no preço do gás natural para todas as distribuidoras no País. Segundo cálculos do mercado, o reajuste deve ficar entre 14% e 20% para o gás boliviano, que responde por 50% do total do combustível consumido no Brasil.
O diretor de Gás e Energia da estatal, Ildo Sauer, admitiu hoje (4) que a possibilidade existe, porque está no contrato. "Nós vamos cumprir exatamente o que está nos contratos assinados tanto com a Bolívia, quanto com as distribuidoras", disse Sauer.
Com o intuito de estimular o consumo e atingir a capacidade de transporte total contratada com a Bolívia, a Petrobras manteve o preço do gás natural importado no mesmo patamar entre 2003 e 2005, fazendo com que a demanda saltasse de 14 milhões de metros cúbicos para 24 milhões de metros cúbicos por dia.
Em setembro do ano passado, entretanto, já constatando a necessidade de aumentar a oferta para atender ao rápido crescimento verificado e sob risco de vir a faltar gás natural no futuro, a estatal decidiu retomar o repasse da alta de preços da commodity e do seu transporte.
Desde então, a estatal promoveu três reajustes, sendo o último deles, de 14%, em janeiro. O porcentual a ser repassado pela Petrobras, no entanto, não é o mesmo que chegará ao consumidor final, já que as tarifas são reguladas pelos governo estaduais e devem diferir em cada região.
Para o diretor do Centro Brasileiro de Infra-estrutura (CBIE), Adriano Pires, o ano eleitoral pode influenciar a decisão da estatal de repassar integralmente a alta do combustível que vem sendo verificada internacionalmente. "Não se sabe ao certo se a Petrobras vai repassar a alta ou abraçá-la em prol da campanha eleitoral do atual governo", disse.
O próprio presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, já admitiu que o aumento de preços do combustível é uma das formas a serem utilizadas pela empresa para conter o crescimento da demanda. Indagado sobre o tema, ele se recusou a tecer comentários. "Os contratos serão cumpridos", ressaltou hoje em entrevista após participar com o ministro do Trabalho, Luiz Marinho do lançamento do Programa Petrobras Jovem Aprendiz, que vai oferecer capacitação técnica a 2.777 jovens com idade entre 15 e 18 anos, inscritos nos programas federais Bolsa Família e Primeiro Emprego. As vagas serão criadas tanto na Petrobras, quanto em suas subsidiárias Transpetro e a BR Distribuidora.