Petrobras promete auto-suficiência do País em 2006

Até o final do ano, a produção nacional de petróleo ultrapassará, pela primeira vez, o volume de combustíveis consumido no Brasil. Segundo estimativa da Petrobras, até dezembro a produção atingirá um pico de 1,85 milhão de barris por dia, ante um consumo diário que oscila entre 1,8 milhão e 1,82 milhão de barris. No dia 25 de abril, a estatal bateu o recorde histórico de produção no País, alcançando a marca de 1,792 milhão de barris. A esperada auto-suficiência, no entanto, deve ficar mesmo para o início de 2006, ressalta o diretor de exploração de Produção, Guilherme Estrella. Isso porque o pico que será atingido no final do ano pode não ser sustentado a curto prazo, já que há previsão de paradas para manutenção em algumas plataformas. A empresa estima que a média diária de produção em 2005 será de 1,7 milhão de barris por dia, um crescimento de quase 14% em relação ao verificado em 2004, quando o volume produzido no País caiu pela primeira vez em 12 anos.

Em 2006, com o início das operações de novas plataformas a produção média deve ficar em 1,82 milhão de barris, equivalente ao consumo nacional. "Aí chegaremos à auto-suficiência sustentável, que irá perdurar pelos anos seguintes", afirmou o presidente da companhia, José Eduardo Dutra, que convocou uma entrevista coletiva hoje (5) para divulgar os novos números, em resposta às críticas feitas à direção da empresa por permitir uma queda na atividade em 2004.

"A queda na produção ocorreu em função, principalmente, do atraso no cronograma de algumas plataformas", explicou, referindo-se à P-43 e à P-48, dos campos de Barracuda de Caratinga, na Bacia de Campos, que iniciaram as operações entre o fim de 2004 e o início de 2005. A empresa informou que a P-43 ja atingiu sua capacidade máxima, de 150 mil barris de petróleo por dia. Ainda este ano, a estatal dá início à produção das plataformas P-50, de Albacora Leste, e P-34, de Jubarte, que vão agregar 210 mil barris à capacidade de produção diária de petróleo no País.

A auto-suficiência não significa, no entanto, que o Brasil deixará de importar petróleo. A Petrobras precisa ir ao mercado externo buscar óleo leve para produzir derivados como diesel e gás de cozinha. Estrella disse que a área de abastecimento da companhia corre para adequar as refinarias ao perfil do petróleo nacional. Quando isso ocorrer, as importações devem ser reduzidas drasticamente. "Estamos adaptando uma refinaria por ano", afirmou, sem querer adiantar quando esse descompasso será resolvido.

Por outro lado, o aumento da produção vai permitir uma melhora nas contas externas da estatal. A empresa espera aumentar em 300 mil barris por dia a exportação de petróleo do campo de Marlim nos próximos anos – atualmente, as vendas ao exterior somam 200 mil barris diários. A Petrobras estuda alternativas para aumentar os ganhos com as exportações, seja adquirindo capacidade de refino no exterior ou assinando contratos de longo prazo com refinadores internacionais. Hoje, o petróleo de Marlim é negociado no mercado spot (à vista), com deságio de até US$ 12 por barril sobre as cotações de referência do mercado.

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