Pesquisa da Serasa indica que boa gestão atrai lucro

São Paulo – O modelo brasileiro de excelência de gestão e da qualidade, forjado no início dos anos 90 e depois desenvolvido e disseminado pela Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), acaba de obter uma prova de eficácia. Uma pesquisa inédita realizada pela Serasa e obtida com exclusividade pela AGÊNCIA ESTADO, mostrou que os resultados financeiros de empresas que adotam a cartilha de qualidade e excelência em gestão de negócios superaram aquelas que não utilizam o modelo. É a primeira vez que o método desenvolvido no Brasil sobre como gerir uma empresa é referendado por dados econômico-financeiros. "Temos um modelo que funciona", explica Antonio Tadeu Pagliuso, superintendente-geral da FNQ, entidade que encomendou o trabalho. A pesquisa avaliou o balanço de 124 empresas membros da FNQ. Estes foram comparados aos de empresas que não adotam o modelo. O acompanhamento foi feito durante seis anos.

A pesquisa considerou os macro-setores industrial, comercial e de serviços. Neste último, foi extraído o segmento financeiro dos bancos, que teve uma avaliação à parte. A indústria que investiu no modelo de gestão teve em 2005 uma margem de lucro sobre o faturamento líquido 7% melhor do que aquela que não adotou. Em 2005, a margem média de lucro das indústrias com modelo de excelência de gestão foi de 22,1%. Entre as que não incorporaram, foi de 15%.

No setor comercial, a margem de lucro sobre faturamento líquido ficou em 3,5% em favor do grupo de empresas que assumiram o modelo de gestão. Entre as que não adotaram, a margem foi de 2,6%. No setor de serviço, a lucratividade sobre a receita líquida foi de 15,9% ante 9,6%, entre empresas com e sem sistema de gestão, respectivamente. Este foi o comportamento geral de todos os indicadores incluídos na pesquisa, como margem de geração de caixa, endividamento e evolução do faturamento.

"O resultado como um todo foi interessante. O único indicador do qual dispúnhamos era o do Prêmio Nacional da Qualidade, mas, neste caso, são as empresas que se apresentam e mostram os resultados. Os dados apontados na pesquisa nos dão mais elementos para avaliar a eficácia do modelo que disseminamos", avalia Pagliuso.

Deriva daí a idéia de tornar o levantamento perene, anual. Com uma diferença. A Fundação Nacional da Qualidade quer, a partir do próximo ano, ampliar o universo de empresas com modelos de qualidade e excelência de gestão implantados. "Queremos pelo menos 1 mil empresas no próximo ano. Além disso, a pesquisa não irá considerar apenas os aspectos econômico-financeiros, mas outros, como gestão de pessoas, responsabilidade social", explica.

A relevância destes resultados não está exclusivamente nos números em si. Indicam muito mais do que isso. Apontam, em primeiro lugar, que o pensamento para área de administração e negócios no Brasil tem robustez e, em segundo lugar, pode colocar as empresas em condições de competitividade frente ao mercado internacional. Vale ressaltar que o País despertou para questões de qualidade de gestão a partir do início da década de 90, quando as empresas foram expostas à competição global.

"Criou-se no Brasil uma celeuma, um paradigma, de que adotar modelos de gestão é caro e complicado. Os dados da pesquisa mostram que não implantá-los pode sair ainda mais caro. A falta de excelência de gestão e de qualidade é que pode ser caro", aponta Pagliuso.

O modelo da FNQ já faz parte da grade curricular de 70% dos cursos de graduação no País. Na pós-graduação, praticamente todos adotam o modelo.

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