Vírus da gripe suína já circula no Brasil

Agora é oficial: o vírus da gripe suína, o influenza A (H1N1) está circulando dentro do Brasil. A informação foi repassada ontem pelo ministro da Saúde, José Gomes Temporão, mesmo dia em que disparou o número de mortos pela doença no País, subindo de quatro para 11 mortes. Já são sete mortes no Rio Grande do Sul, três em São Paulo e uma no Rio de Janeiro, de um total de 1.175 casos notificados (veja quadro).

Com a confirmação de que já existe transmissão sustentada (dentro do País), o Brasil é a oitava nação a apresentar casos da nova gripe em pessoas que não viajaram para o exterior e não tiveram contato com alguém que esteve fora. Os outros países são Estados Unidos, México, Canadá, Chile, Argentina, Austrália e Reino Unido.

O primeiro caso de transmissão sustentada só foi confirmado na manhã de ontem, após a entrega do estudo epidemiológico pela Secretaria de Saúde de São Paulo. Trata-se do paulista que morreu no último dia 30.

Outras confirmações podem vir nos próximos dias, principalmente pelas informações divulgadas até agora sobre a situação no Rio Grande do Sul, onde houve mais duas mortes em Santa Maria, duas em Passo Fundo e outra em Uruguaiana.

Em Santa Maria, os casos são de dois homens, de 26 e 31 anos, um deles que esteve no Uruguai e outro que não saiu da cidade. Em Passo Fundo, são mais dois homens, de 30 e 42 anos, que faleceram nos dias 8 e 10 de julho.

Eles não viajaram para o exterior e também não se tem notícia de que tiveram contato com pessoas provenientes das áreas de risco. Há suspeita de pelo menos mais uma morte causada pela doença na cidade, que ocorreu no dia 14 de julho, mas cujos exames ainda não ficaram prontos.

Na manhã de ontem, a Santa Casa de Uruguaiana, na fronteira do Rio Grande do Sul com a Argentina, já tinha confirmado uma morte pela gripe suína, de um caminhoneiro de 33 anos, que estava internado desde o dia 10 de julho, após voltar de viagem da Argentina. Ele morreu ontem.

A vítima do Rio de Janeiro é uma mulher de 37 anos que adoeceu no dia 3 e morreu dia 13 de julho com diagnóstico de pneumonia. O óbito de São Paulo é de um rapaz de 21 anos, o segundo caso registrado em Osasco.

Prioridade

Por enfrentar um inverno mais rigoroso e pela região de fronteira, onde mais casos têm aparecido, a região Sul vai exigir mais cuidado das autoridades. Temporão anunciou ontem um incremento de R$ 2 milhões para prevenção e tratamento da doença no Rio Grande do Sul.

No entanto, o ministro acrescentou que não é momento para pânico. “A Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou que não há indícios de que o vírus está se combinando geneticamente com outros, ou seja, o cenário atual é de estabilidade e requer medidas de priorização da assistência aos casos graves ou potencial para complicação”, disse.

Medicação

Na próxima semana 50 mil novas doses do antiviral Tamiflu devem chegar ao Brasil e, na primeira quinzena de setembro, outras 50 mil doses. Sobre a possibilidade de vacina, o Ministério afirmou que este é um assunto a ser debatido mais para frente, já que a OMS ainda não definiu uma estratégia de vacinação, e nem qual vacina será utilizada.

Ou seja, como ainda não se sabe quais serão os critérios a serem adotados – se serão priorizadas regiões, faixas etárias ou pessoas com quadros clínicos pré-existentes – também não há como saber de quantas doses o Brasil necessitaria.

Medidas no Paraná

Luciana Cristo

Ainda sem mortes, o Paraná já registra 56 casos da nova gripe. Os últimos cinco casos foram divulgados ontem pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). Três estão na região de Curitiba, um da região de Foz do Iguaçu e o último na região de Maringá.

Dos três casos confirmados em Curitiba, dois deles contraíram o vírus no exterior (Estados Unidos e Argentina), e o terceiro contraiu o vírus no próprio Estado, após ter contato com pessoas que voltaram do exterior recentemente.

A pessoa com a gripe na região de Foz do Iguaçu contraiu o vírus no Paraguai e o paciente de Maringá teve contato com pessoas que viajaram para o exterior. Todos estão sendo monitorados.

Como parte do controle e combate à influenza A, o Paraná vai investigar todas as mortes por doença respiratória grave que ocorrem no Estado, como pneumonia e insuficiência respiratória.

Segundo a Sesa, com a chegada do inverno, a tendência é aumentar o número de casos e óbitos relacionados às doenças respiratórias agudas. Em 2008, 76 mortes tiveram essa causa básica.

Medidas preventivas foram anunciadas ontem pela Polícia Civil do Estado, como reforço na limpeza das delegacias. Caso seja detectada a suspeita da doença, o detento será isolado. Os visitantes passarão por triagem e, se forem considerados suspeitos de estarem com a gripe, não poderão se aproximar dos presos.

Prevenção ao H1N1

Divulgação

Ao sentir febre acompanhada de tosse ou dor de garganta, dores musculares e dificuldade respiratória, a recomendação do Ministério da Saúde é procurar um médico ou a unidade de saúde mais próxima o quanto antes. Para prevenir, as dicas são:

– Ao tossir ou espirrar, cobrir o nariz e a boca com um lenço, preferencialmente descartável.

– Evitar locais com aglomeração de pessoas.

– Não compartilhar alimentos, copos, toalhas e objetos de uso pessoal.

– Lavar as mãos frequentemente com água e sabão.

– Não usar medicamentos sem orientação médica.

– Caso seja possível, evitar viagens ao exterior.

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