Vila Velha, uma das pérolas paranaenses

Nestas férias, além de curtir o litoral, os turistas não podem deixar de visitar o Parque Estadual de Vila Velha, localizado às margens da BR-376, em Ponta Grossa, a apenas 80 quilômetros de Curitiba. As figuras esculpidas no arenito com mais de 300 milhões de anos dão asas à imaginação. É possível ver desde figuras humanas até objetos, como a noiva e a taça. Os paredões rochosos, aliados à vegetação e à fauna, também enchem os olhos de quem visita o lugar. Sem falar da beleza das furnas e da Lagoa Dourada.

Visitar Vila Velha tem um gosto todo especial. É impossível o turista não se encantar com as belezas do lugar. Com a finalidade de preservar esse patrimônio, a política de administração do parque mudou e desde 2004 a visitação é orientada. Agora o respeito à natureza vem em primeiro lugar.

As mudanças só foram possíveis depois que o parque passou por um processo de revitalização, permanecendo fechado por dois anos. Agora os turistas chegam ao lugar e vão até um centro de recepção. Assistem a um vídeo falando sobre a formação do parque e recebem orientações de respeito à natureza. Em seguida, são levados de ônibus até o local do passeio.

Em apenas alguns minutos é possível fazer toda a trilha. Mas provavelmente, o turista pode ter deixado escapar detalhes que fazem toda a diferença. As figuras esculpidas, principalmente pela água da chuva, como o camelo, a noiva, o índio, a bota, a garrafa e a taça não estão sinalizadas e exigem muita percepção. Só um visitante atento consegue vislumbrar todas elas e ainda perceber outras formas. ?Elas não estão sinalizadas para que o turista use a sua imaginação e perceba o parque como um todo?, fala o Luiz Augusto Diedrichs, engenheiro agrônomo do Setor de Unidades de Conservação dos Campos Gerais, do Instituto Ambiental do Paraná (IAP).

Animais

O parque não se resume apenas aos arenitos. No caminho, com um pouco de sorte e silêncio, é possível encontrar alguns dos animais que vivem no lugar. Entre eles o pássaro carcará que parece não ter medo dos visitantes, porém observa os turistas a uma certa distância. Sua presença começou a ser sentida com maior freqüência depois que a visitação passou a ser organizada.

A gralha cancan também vive no parque e pode ser vista ao lado da trilha, caçando insetos ou procurando frutas para se alimentar. Sem muita cerimônia se acomoda em galhos próximos para saborear o almoço que acabou de apanhar. O cuidado com a natureza é tanto que o acesso à pedra suspensa foi proibido. Lá é o local escolhido pelo Andorinhão da Coleira Inteira para se reproduzir. Suspeita-se que a visitação estava interferindo neste processo. Alguns estudos estão sendo feitos e se o problema não for constatado, o acesso poderá ser liberado mais uma vez. Também vivem no parque lebres, cotias, veados, porcos-do-mato, lagartos, entre outros animais.

Furnas e lagoa

Além dos arenitos e bosques, as furnas também merecem a atenção dos turistas. O parque tem ao todo seis delas, mas apenas duas são abertas para visitação. A Furna 1 tem 54 metros de profundidade até a lâmina de água e mais 53 abaixo dela. A Furna 2, 40 metros até a lâmina e mais 30 abaixo. Mas o visitante precisa se contentar em observá-las de um mirante. O elevador ainda não está funcionado.

A Lagoa Dourada também não pode ser deixada de lado. A água transparente permite que o visitante acompanhe o passeio de peixes como o cará, tubarana e corimba. Ao entardecer, o espetáculo fica por conta do sol. A sua luz empresta um brilho especial à água.

Serviço: Os ingressos para os arenitos custam R$ 7 e para Lagoa Dourada e furnas R$ 5. Estudantes pagam meia e alunos de escola pública, em excursão, entram de graça.

Arenito compacto dá forma às esculturas

Os monumentos geológicos encontrados em Vila Velha são formados por uma rocha chamada arenito, formado pela compactação e endurecimento de camadas sucessivas de areia. A sua formação remonta a 300 milhões de anos, no período carbonífero, quando a América do Sul ainda estava ligada à África, à Antártida, à Oceania e à Índia, formando um grande continente chamado de Gondwana. Nesse período a Terra passava por uma de suas eras glaciais.

Ao longo dos 300 milhões de anos aconteceram eventos tectônicos, aliados à erosão, colocando os arenitos na superfície. Os processos de erosão que esculpiram o arenito de Vila Velha, principalmente o de águas pluviais, aconteceram nos últimos 1,8 milhão de anos.

Além da água da chuva, as esculturas também sofrem a ação da energia solar, das mudanças e alterações de temperatura, além da atividade orgânica das rochas, embora em menor grau. O tom rosado dos arenitos se deve ao material rico em ferro que reveste os grãos de rocha e preenche os poros existentes entre eles. (EW)

Alterações no esquema de visitação

O parque foi criado em 1953. Na década de 1970 chegou a receber mais de um milhão de visitantes em um ano. Hoje a visitação foi restringida e no máximo 850 pessoas têm autorização para entrar por dia. No ano passado, pouco mais de 100 mil pessoas visitaram Vila Velha.

Segundo o engenheiro agrônomo do Setor de Unidades de Conservação dos Campos Gerais, do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Luiz Augusto Diedrichs, ?a visitação passou a ser orientada, conduzida e racional para que não interfira no meio ambiente?. As lanchonetes grudadas nos arenitos, as piscinas e o camping, por exemplo, foram desativados.

Ao todo, o parque tem 3.122 hectares e outros 700 estão em processo de aquisição, mas o turista visita apenas 5%. Para cuidar de toda a área e atender os visitantes, o IAP conta com 19 funcionários. Segundo Luiz Augusto, devem ser contratados nos próximos dias mais funcionários para fazer os trabalhos de manutenção do parque, como as roçadas.

Por enquanto não devem ocorrer grandes mudanças em Vila Velha. O plano de manejo previa a ampliação da visitação, com a criação de trilhas mais longas, o turista ficaria o dia todo passeando, além de atividades como arvorismo e trilhas para bicicleta. No entanto, tudo isto demanda mais servidores e investimento. (EW) 

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