Vendaval causa estragos em quase todo o Estado

Fortes ventos, acompanhados de chuva, atingiram todo o Paraná na madrugada de ontem, destelhando mais de mil casas, derrubando árvores e causando danos ao sistema de energia elétrica em diversos municípios. Os maiores estragos foram registrados nas regiões oeste, sudoeste e central do Estado. No leste, incluindo capital e região metropolitana, foram notificadas pela Defesa Civil estadual apenas quedas de galhos de árvores. Não houve registro de desabrigados ou feridos.

“Guarapuava, no Centro-Sul, foi um dos municípios mais atingidos”, informou o chefe de operações da Defesa Civil estadual, tenente Maurício Genero. Em um levantamento preliminar, registraram-se mais de seiscentas casas destelhadas parcialmente no município, que ontem completou 184 anos. Muitas tiveram destruição completa. Parte da cidade ficou às escuras, sendo reestabelecida a energia elétrica durante a madrugada.

O destacamento do Corpo de Bombeiros esteve em alerta durante toda a madrugada, retirando das árvores caídas sobre casas e ruas, distribuindo lonas e ajudando no rescaldo dos prejuízos. Os ventos fortes que chegaram próximo a 100 km/h e a chuva intensa se concentraram mais na zona norte da cidade, atingindo principalmente os bairros de São Cristóvão, Bom Sucesso, Vila Carli, Jardim das Américas, Jardim Cascavel, Primavera e Vila Industrial, além do distrito da Palmeirinha.

O comandante do destacamento do Corpo de Bombeiros de Guarapuava, Major Ademir Slompo, disse que foi necessário solicitar lonas dos destacamentos de Ponta Grossa e Irati. Ainda na madrugada, duas grandes lojas de materiais de construção ficaram de plantão, atendendo as pessoas que necessitavam de ajuda, além de entregar lonas para a Defesa Civil. Segundo o coordenador da Defesa Civil em Guarapuava e secretário municipal de Agricultura e Meio Ambiente, Mauro Battistelli, não houve registro de feridos.

80% sem energia

Em Foz do Iguaçu, o vendaval durou cerca de cinco minutos, com ventos de quase 100 quilômetros por hora. Parte da cobertura do fórum foi arrancada e caiu sobre a fiação, deixando 80% da cidade sem energia elétrica por aproximadamente duas horas. Foram notificados sessenta destelhamentos e vinte quedas de árvores. “Na manhã de ontem, alguns ainda permaneciam sem luz”, contou o tenente.

Na região, também foram atingidos os municípios de Coronel Vivida, Ampère, Cascavel, Pato Branco, Francisco Beltrão, Guaíra, Capanema, Realeza e Planalto. Em Ampère e Guaíra, houve danos ao sistema elétrico. Guaíra permanecia sem luz até ontem de manhã.

Em Ponta Grossa, na região dos Campos Gerais, foram verificados vinte destelhamentos. Em Londrina, no Norte do Estado, houve cinco quedas de árvores e um destelhamento. Em Maringá e municípios vizinhos, também no Norte do Estado, doze árvores caíram e uma casa foi destelhada pelo vento.

De acordo com a Defesa Civil, o vento mais forte começou por volta das 19 horas e atingiu várias regiões até por volta das 23 horas. Ontem o dia foi bom em praticamente todo o Estado, o que ajudou na recuperação dos estragos. Como esses vendavais são comuns nesta época do ano, as equipes da Defesa Civil estavam de prontidão.

Ventos chegaram a 107 km/h

Segundo o meteorologista Itamar Moreira, do Instituto Tecnológico Simepar, os ventos tiveram início às 18h de segunda-feira e se estenderam até o início da madrugada de terça. O Oeste foi uma das regiões mais atingidas. Os ventos mais fortes foram registrados em Toledo, chegando a 107 km/h. Houve dezesseis destelhamentos e 22 quedas de árvores na cidade.

Durante todo o dia de ontem, cem agentes da Defesa Civil estadual trabalharam no levantamento dos danos ocorridos em todo Paraná. Equipes da Copel e das Prefeituras também foram colocadas em ação.

Segundo o meteorologista Itamar, o tempo deve permanecer bom durante todo o dia de hoje em todas as regiões Paraná. Entretanto, a partir de amanhã o tempo deve voltar a ficar instável. Está prevista a entrada de uma nova frente fria e mais chuvas em diversas regiões.

900 mil domicílios ficaram sem energia

Os fortes ventos registrados durante a noite de segunda e madrugada de ontem em todo o Estado causaram muitos transtornos aos consumidores de energia elétrica e resultaram em muitos estragos ao sistema de distribuição da Copel. Faltou energia em cerca de 900 mil domicílios, em intervalos que variaram de poucos minutos o que ocorreu na maioria dos casos até um dia inteiro, em localidades rurais mais distantes dos centros urbanos. As equipes da Copel tiveram dificuldades de acesso para fazer reparos necessários que incluíram até a substituição de postes.

Os maiores estragos ficaram concentrados nas regiões Oeste e Sudoeste do Estado, onde 450 mil ligações elétricas (das 570 mil atendidas pela Copel naqueles municípios) tiveram problemas. O vendaval, avaliado como o pior acontecido este ano, deixou um saldo de cinqüenta postes quebrados (dos quais quinze na cidade de Realeza), além de centenas de trechos de rede elétrica com cabos rompidos.

Além de Realeza, foram severamente atingidos os sistemas de distribuição dos municípios de Pérola do Oeste, Planalto, Capanema, Foz do Iguaçu, São Miguel do Iguaçu, Missal e Itaipulândia. As equipes da Copel conseguiram restabelecer os serviços a 95% dos domicílios ainda na noite de segunda-feira. Na terça-feira, os técnicos se desdobravam para concluir reparos em redes de baixa tensão e ramais rurais, e religar 24 mil clientes que permaneciam sem energia elétrica.

Capital

Na capital, 37 mil domicílios em 15 bairros ficaram temporariamente sem energia mas o restabelecimento foi rápido. Em certas localidades rurais da região metropolitana, porém, a normalização só veio no fim da tarde. Ao todo, 30 mil ligações em municípios vizinhos a Curitiba foram prejudicadas, principalmente em Araucária, Quitandinha, São José dos Pinhais, Colombo e Piraquara. No litoral, 7 mil consumidores em Antonina e Paranaguá tiveram o fornecimento interrompido.

No Centro-Sul do Estado foram 65 mil as ligações elétricas atingidas pelo vendaval, todas também já recuperadas pela Copel. Os municípios onde os problemas se concentraram foram Cruz Machado, Bituruna, Ortigueira, Reserva, Imbaú, Carambeí, Ponta Grossa, Jaguariaíva, União da Vitória e Prudentópolis.

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