À mercê

Um terço das cidades paranaenses não tem Defesa Civil municipal

A principal preocupação com a reestruturação da Defesa Civil no Paraná, principalmente depois dos desastres ocorridos no início deste ano no litoral do Estado, passa pela criação de comissões da defesa civil nos municípios. O assunto foi discutido nesta segunda-feira (10) na abertura da Semana Nacional de Redução de Desastres, que ocorreu em Curitiba.

De acordo com o subchefe da Divisão de Defesa Civil da Coordenadoria Estadual da Defesa Civil, capitão Eduardo Gomes Pinheiro, apenas 260 municípios do Estado já possuem o organismo municipal, ou seja, um terço ainda precisará instalar a estrutura da Defesa Civil localmente.

O capitão destaca que é a existência do órgão no município é importante para as ações de atendimento a desastres e na prevenção deles. Segundo ele, é preciso que a população conheça a função da Defesa Civil e cobre a instalação efetiva do órgão em sua cidade.

Ele afirmou também que a Defesa Civil no Estado tem avançado quanto ao mapeamento das áreas de risco, que seria um trabalho complexo e demorado. O capitão destacou que este monitoramento poderá, inclusive, orientar mudanças nas leis de uso e ocupação dos solos e nos planos diretores das cidades.

“Infelizmente, muitos planos foram feitos sem o auxílio do mapeamento das áreas de riscos. Com este mapeamento deverá ocorrer mudanças inclusive na forma de se usar e ocupar o solo”, afirmou.

O secretário Nacional da Defesa Civil, coronel Humberto de Azevedo Viana Filho, que esteve em Curitiba para a abertura do encontro também afirmou que o país precisa avançar na instalação da Defesa Civil nos municípios para ter um sistema capaz de prevenir e atender às catástrofes.

“O esforço do Governo Federal é ter este foco na prevenção e não deixar as coisas acontecerem. Agora os gestores estaduais e municipais precisam entender a necessidade de prevenção e cada prefeito criar sua comissão de defesa civil”, comentou o secretário.

Segundo ele é preciso que cada esfera assuma sua responsabilidade no processo de prevenção e de educação para população para evitar e reagir a desastres. “Ir bater em Brasília depois do desastre para buscar recursos para reconstruir é uma lógica perversa e está errada”, definiu Viana Filho.

Expansão

Para facilitar também a prevenção de desastres o Instituto Tecnológico Simepar anunciou hoje a expansão de seu sistema de monitoramento no litoral. De acordo com o superintendente do Simepar, Eduardo Alvim Leite, o instituto irá instalar 22 novas estações no litoral.

As estações irão monitorar diversas condições climáticas, como a quantidade de chuvas, ventos, temperaturas e outros aspectos. As informações são enviadas a cada quinze minutos para o instituto de forma automática, com transmissão de dados via celular ou satélite.

O superintendente afirmou ainda que a expansão irá permitir um aumento na precisão de eventos capazes de causar desastres, com um retrato climático mais fiel da região. A medida, por exemplo, dos índices de chuva em determinado local irá facilitar a tomada de decisões e orientar um plano de ação para evitar catástrofes.

Além dos novos postos, um novo radar metereológico deverá ser instalado em Cascavel. Este radar será o segundo do Estado e está em fase de licitação. “Ainda precisaríamos de mais dois no litoral devido às condições geográficas para cobrirmos o Paraná todo”, explicou.

O superintendente do Simepar também destaca que uma mudança importante para a prevenção de desastre seria o monitoramento no nível microrregional. “Nós vamos avançar para o monitoramento por município. Para isso temos que expandir a rede não só no litoral e acredito que nós próximos quatro anos teremos pelo menos uma estação em cada cidade.”

O Simepar também estuda criar um sistema para contar com a ajuda da população para medir os fenômenos climáticos. “Estamos estudando a questão do automonitoramento. É um sistema que a comunidade também pode medir o volume de chuva, por exemplo, e enviar as informações por celular para colaborar com este trabalho.”

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