Após ressaca!

A um mês da temporada, estragos na infraestrutura preocupam no Litoral

Imagens do calçadão de Matinhos no Litoral paranaense para conferir os estragos causados pela ressaca histórica que causou danos em varias praias do sul - Matinhos 31/10/2016 - Fotos Antônio More / Gazeta do Povo

Após a ressaca do último fim de semana que comprometeu parte da estrutura de cidades do Litoral paranaense e assustou moradores, os comerciantes veem ameaças à possibilidade de lucro com a temporada de verão que está chegando.

De acordo com o presidente da Assindilitoral, Carlos Adalberto Freire, que representa hotéis, pousadas, bares e restaurantes do Litoral paranaense, o lucro dos comerciantes para a próxima temporada pode cair entre 15% e 20% .“A expectativa é essa, mas, se conseguirmos equilibrar com a temporada passada, vai ser excelente. Precisamos de uma ajuda da meteorologia também.”

Em Matinhos, a ressaca chegou a destruir parte do calçadão dos balneários Flamingo e Riviera, além do Pico de Matinhos, tradicional local da cidade que reúne atletas do surf. Os problemas de infraestrutura, que já eram antigos, pioraram com a ressaca, afirma Freire.

O fenômeno que atingiu o Litoral paranaense sofreu a influência de um ciclone extratropical que passou pelo Rio Grande do Sul e também causou destruição nos balneários gaúchos. Segundo o Simepar, não é possível prever se há chance de o ciclone acontecer novamente durante o verão.
Pessimismo

A situação, segundo Freire, preocupa os comerciantes. O dirigente afirma que os empresários já estavam contando com uma temporada mais fraca em um período de crise econômica, greve de professores e escolas ocupadas no estado. “Tudo isso influencia para a gente. As férias vão ser menores, o feriado de ano-novo vai ter só dois dias. Isso tudo piora a situação.”

A reportagem esteve em Matinhos na segunda-feira (31) e ouviu relatos de comerciantes pessimistas com a temporada. Nos restaurantes na beira da praia, o fim semana que normalmente é cheio de trabalho na cozinha foi usado para fazer a limpeza do salão e das mesas, que quase foram levadas pela maré.

Para Freire, há anos o governo do estado não é “sensível” às questões das cidades litorâneas. “Agora não tem mais o que fazer, precisa arrumar tudo”, desabafou. O governo diz que estão em andamento ações de melhoria.

Não há motivos para preocupação, diz prefeito de Matinhos

O prefeito de Matinhos, Eduardo Dalmora (PDT), afirmou que não há motivos para preocupação. Segundo ele, os locais mais visitados por turistas, como a Praia Mansa e a Praia Brava, em Caiobá, não foram afetados. “O turista pode vir com tranquilidade. A orla e os pontos mais afetados já estão sendo consertados. A vida segue normalmente.” De acordo com o prefeito, a obra da revitalização da Orla de Caiobá, que teve aporte financeiro de R$ 7,3 milhões do governo do estado, foi concluída.

Dalmora explica que, assim que a ressaca deixou rastros de destruição, a Defesa Civil foi acionada e o governo do Paraná contatado para que os projetos que estão em andamento para solucionar os problemas de cheias e alagamentos sejam adiantados.

O prefeito afirma que, de acordo com o projeto, sete estruturas de pedra, chamadas de quebra-mar ou guias de corrente, devem ser construídas na cidade – três na Praia Brava, duas no Rio Matinhos, uma no Balneário Flamingo e outra no Balneário Riviera – áreas bastante afetadas pelas ressacas. Para a obra, seria necessário um aporte financeiro do governo do estado de cerca de R$ 15 milhões.

“Esperamos que, em dois meses, pelo menos duas estruturas já estejam prontas para evitar novos estragos.” O prefeito ainda disse que está em contato com o governador Beto Richa (PSDB) para tratar do assunto e afirmou que o tucano deve ir ao litoral nesta sexta-feira (4).

Viabilidade técnica

Segundo o coordenador de Recursos Hídricos da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, José Luís Scrocaro, o projeto que insere as guias de corrente são parte de um projeto maior, realizado por uma empresa do Rio de Janeiro, especializada em gestão ambiental. O custo, de acordo com Scrocaro, é de mais de R$ 560 milhões.

O projeto constitui um tripé: a recuperação da orla marítima, a revitalização do calçadão e o controle de cheias com macro e microdrenagem. A inserção das estruturas faria parte da recuperação da orla marítima, de acordo com Scrocaro. O coordenador afirmou que já entrou em contato com a empresa para ver se o adiantamento desta fase do projeto seria viável ou geraria mais problemas ambientais. “O pedido foi feito informalmente. Precisamos verificar a viabilidade técnica ou se o adiantamento poderia gerar danos ambientais”, diz.