Enchente

Tragédia em Santa Catarina poderia ser minimizada

Catástrofe anunciada. É assim que poderia ser definido o desastre ambiental que ocorreu em Santa Catarina, no mês de novembro, em função das chuvas. Pelo menos é esta a análise do engenheiro civil e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Roberto Fendrich.

Segundo ele, muitas das mortes e dos estragos poderiam ter sido evitados caso o poder público tivesse cumprido o seu papel de aplicar mecanismos necessários em qualquer cidade, como por exemplo um plano de drenagem e de zoneamento e ocupação do solo.

“O mesmo retrato de 20 anos atrás estamos vendo hoje”, afirma o professor. Há duas décadas, Fendrich já alertava na imprensa que “se não forem implantadas redes de galerias e canais de macrodrenagem e feitas dragagens dos rios assoreados, as águas pluviais ocuparão espaços como residências, ruas, praças, avenidas, enfim, todo o quadro urbano”, conforme afirmou naquela ocasião.

Hoje, o professor critica a falta de planejamento. “Chuvas excepcionais como as que ocorreram em Santa Catarina acontecem, mas suas conseqüências podem ser minimizadas”, afirma. Enchente semelhante também marcou as mesmas regiões em 1972.

Neiva Daltrozo/Secom
Alagamentos em Itajaí, em 1972, e cidade vista de cima na última enchente: falta de planejamento e investimento pelo poder público.

Entre os problemas encontrados por Fendrich naquele estado estão a deficiência da Defesa Civil, a falta de investimentos ao longo dos anos em planos de drenagem, zoneamento, uso do solo, entre outros. Principalmente no que diz respeito ao mapeamento das áreas de risco, o que o professor acredita não ter sido feito em Santa Catarina.

“Os municípios até têm estes planos, mas não foi suficiente o investimento feito neles, sem falar na grande quantidade de chuva que caiu, o que fez os canais não suportarem. Mas dá como prever esse excesso de chuva com os mapeamentos, principalmente em montanhas e vales”, explica.

Este mapeamento poderia evitar que Itajaí, por exemplo, ficasse debaixo da água, pois a cidade só inundou devido à grande quantidade de terra que afundou no porto, com água vinda de Blumenau e adjacências.

O Paraná também pode não estar livre dessas catástrofes ambientais. Segundo Fendrich, há locais de risco, como o litoral – especialmente Matinhos e Pontal do Paraná – e a região noroeste – como Umuarama, Paranavaí, Campo Mourão.

No litoral, segundo o professor, os canais de drenagem foram construídos na década de 60 e estão sujos, o que pode acarretar em alagamentos. Já no noroeste o problema está no solo arenoso, que degrada rapidamente.

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