Depois do Natal, quando a maioria dos comerciantes vende bastante, chega a vez das casas de fogos de artifício, que faturam alto com a virada do ano. Em alguns estabelecimentos, o movimento registrado já é 30% superior ao do ano passado. Existem fogos para todos os gostos e bolsos. Há aqueles que se contentam com a caixa de foguetes 12×1 que custa R$ 6,50 e outros que montam kits que chegam custar R$ 4 mil.
Na loja de fogos Lanza, os mais vendidos são o foguete 12×1 e a bateria de tiros cujos preços começam a partir de R$ 24,00. O proprietário, Moises Lanza, conta que é comum as pessoas levarem um kit variado, contendo baterias de luz, buquês, apitos, morteiros coloridos, rabos e rabos de pavão. ?Tem gente que gasta R$ 100,00 mas existem aqueles que chegam a gastar R$ 4 mil. Tudo para a festa em família?, diz.
Na Aymoré Fogos o movimento também está maior do que no ano passado, mas o funcionário, Luciano Piaskowski, não sabe precisar quanto. Por lá, os foguetes de 12 tiros e as baterias também são os mais vendidos, a caixa de foguetes custa R$ 7,50 e a bateria R$ 25,50. Luciano conta que as lojas precisam aproveitar as vendas do fim de ano, pois durante outras épocas, o movimento é bem mais fraco. ?Só vendemos quando ocorre algum grande acontecimento, como a Copa do Mundo ou festa junina?, fala. Mesmo assim, ele garante que, com os lucros da época dá para se manter no resto do ano.
Segurança
Se por um lado aumentou a venda de fogos, existe a possibilidade de aumentar também o número de pessoas feridas. O Hospital Evangélico de Curitiba, único do estado especializado em queimaduras, chega a registrar um aumento de 60% no número de queimados por fogos de artifício. A enfermeira chefe do Centro Cirúrgico de Queimados, Jaqueline Corção, conta que geralmente as queimaduras são de 3º grau e atingem a mão, braço, rosto e tronco. Nesses casos, o paciente fica no mínimo 15 dias internado e precisa de enxerto de pele. O problema é que as cicatrizes ficam para sempre e as cirurgias plásticas só amenizam o problema. Em outros casos, as pessoas chegam a ter dedos e a mão amputados.
Jaqueline conta que a grande maioria dos pacientes são jovens. Os acidentes com crianças ocorrem porque, normalmente, elas estavam imitando adultos ou porque estavam muito próximos da queima.
Dicas
O capitão do Corpo de Bombeiros, Itamar Barreto da Motta, dá dicas para que nenhum acidente ocorra durante as festas. Um dos itens mais importantes é seguir as instruções que constam na caixa do explosivo. ?O problema é que as pessoas bebem um pouco, entram no clima de festa e começam a querer inventar coisas. O certo é fazer o básico, o que diz as instruções?, aconselha. Itamar fala ainda que muitos acidentes ocorrem porque os foguetes de mão às vezes ficam úmidos e demoram um pouco mais para soltar o rojão. Nesse caso é preciso jogá-lo ao chão para que não venha explodir na mão, o que pode levar a queimaduras e amputação.
Outro cuidado importante é verificar o tipo de suporte ideal para cada tipo de fogo. As baterias, por exemplo, precisam estar bem presas. ?Eu já vi casos em que elas viraram e acabaram atingindo a multidão?, fala. O conselho é para que as pessoas peçam um técnico para instalá-la. O capitão do Corpo de Bombeiros também lembra que é proibido vender o material para menores de 18 anos e os pais devem evitar que eles manuseiem os fogos. ?Geralmente eles gostam de se exibir e isto pode acabar mal?, explica.
Empresa local faz a festa no Rio
A casa de Fogos Lanza será, pelo segundo ano consecutivo, a responsável pela queima de fogos em Copacabana, no Rio de Janeiro. Para a virada de 2004 vão ser utilizadas 156 toneladas de pólvora, 36 a mais do que foi usado para a virada de 2003. São esperadas 2,5 milhões de pessoas. A empresa é a única a realizar o show pirotécnico duas vezes seguidas.
Em 2001 uma pessoa foi atingida por estilhaços e perdeu a vida, enquanto outras ficaram feridas. Em 2002, os fogos foram colocados em balsas no mar, mas o espetáculo ficou aquém do esperado. Na virada para 2003 a empresa assumiu o show de fogos, conquistou o público e foi convidada pela segunda vez.
Segundo informações da Prefeitura do Rio de Janeiro, o número de turistas aumentou em 30% este ano devido ao espetáculo. O show está programado para durar 12 minutos mas deve passar de 15. Os fogos estão espalhados em 8 balsas a 350 metros da praia e no Forte de Copacabana.