O Morro do Escalvado, em Matinhos, poderá em breve retomar o seu potencial turístico no litoral do Paraná. Distante cerca de 500 metros do Centro da cidade, o morro ficou conhecido por ter um teleférico que foi sucesso entre veranistas e turistas na década de 1990. Agora, após um acordo inédito entre o ICMBios de Matinhos e o Incra do Paraná, o caminho para a volta do teleférico e outras atrações turísticas na região está reaberto.

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Um projeto completo de infraestrutura para receber os visitantes de forma organizada e segura, com foco total no ecoturismo, foi apresentado e dependia de um acordo para o domínio das áreas do Parque Nacional Saint-Hilaire/Lange, que abrange grande parte da área verde e Serra do Mar na região.

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Com a regularização e a assinatura do documento, o parque finalmente poderá instalar sede, centro de receptivo, mirantes e requalificar as trilhas, inclusive com a possibilidade de instalação de um novo teleférico, mediante uma licitação para concessão de serviços. Em janeiro de 1995 o cabo do teleférico se rompeu e três pessoas morreram. O equipamento foi fechado após a tragédia.

O novo projeto

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A novidade tem DNA político direto da Assembleia Legislativa do Paraná, através do deputado estadual Goura (PDT), que promoveu na quinta-feira (18) uma reunião crucial em Curitiba entre o Núcleo de Gestão Integrada do ICMBio Matinhos e a Superintendência Regional do Incra/PR. Aliás, a UFPR também marcou presença no encontro.

“A possibilidade de reativar um novo teleférico no Morro do Escalvado, em Matinhos, seguindo todas as normas ambientais e de segurança, entusiasma a todos, dos amantes da natureza aos que veem oportunidades para a economia e o turismo locais”, disse Goura à Tribuna. “Poder ver do alto, com visita organizada e controlada, as nossas praias, as ilhas e a Serra da Prata, dentro do Parque Nacional de Saint-Hilaire/Lange, será fantástico”, acrescentou.

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“Essa iniciativa será fundamental para o desenvolvimento de toda a região litorânea, com especial atenção a Matinhos”, destacou o deputado Goura, que não escondeu o entusiasmo com o projeto. Segundo ele, o Morro do Escalvado vai ser tratado como prioridade no processo de regularização fundiária do parque.

“É o primeiro passo (regularização fundiária) para viabilizar essa iniciativa. A reunião, que reuniu o ICMBio e o Incra, representa um marco importante para o avanço desse projeto. Destaco a importância de a população reconhecer, respeitar e valorizar os parques que temos. Precisamos valorizá-los”, afirmou.

A ação atual é muito importante e esperamos que gere frutos positivos tanto para o desenvolvimento sustentável do litoral quanto para a preservação ambiental desse patrimônio.

E não é para menos. Para quem não conhece, o acesso ao morro (também chamado de Morro da Cruz, das Margaridas ou do Teleférico) fica numa área bem urbanizada próxima à Prefeitura de Matinhos, entre as rodovias PR412 e PR508. A trilha atual tem 800 metros e está totalmente dentro do Parque Nacional.

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O problema? A trilha não foi preparada adequadamente para caminhadas, o que aumenta o risco de escorregões e quedas. A subida leva entre 30 e 40 minutos até o topo, a 224 metros de altitude, e é considerada de dificuldade média. Parte da estrutura do antigo teleférico ainda resiste em alguns pontos da trilha e no alto do morro, mas o ICMBio não recomenda subir na estrutura metálica para evitar acidentes.

Márcio Ricardo Ferla, chefe do NGI ICMBio Matinhos, não escondeu a satisfação com a reunião. “Agradeço imensamente o apoio do deputado Goura. Este é um processo muito importante para as unidades de conservação, e estamos construindo um procedimento que ainda não foi implementado no Paraná”, informou.

Segundo Ferla, a regularização não se limita às terras devolutas, incluindo também propriedades particulares, terras públicas federais e áreas do Estado e municípios. “Esses diferentes domínios exigem procedimentos como arrecadação, transferência ou desapropriação para garantir segurança jurídica e permitir obras, manejo e uso público no parque”, explicou.

Do lado do Incra, o superintendente Nilton Bezerra Guedes foi direto: “Esse é um processo sem volta. Estamos comprometidos a realizar esse projeto da melhor forma, mesmo que seja uma novidade para nós do Incra”. Ele estima que cerca de 5 mil hectares dentro do Parque Nacional (que tem 24 mil hectares no total) são áreas devolutas que precisam ser regularizadas.

Vale lembrar que o Parque Nacional de Saint-Hilaire/Lange foi a primeira Unidade de Conservação do país a ser criada por lei, em 23 de maio de 2001, e abrange os municípios de Matinhos, Guaratuba, Morretes e Paranaguá. O nome é uma homenagem ao naturalista francês Auguste de Saint-Hilaire, que percorreu parte do Brasil na década de 1820, e ao biólogo e ambientalista paranaense Roberto Ribas Lange, falecido em 1993.

Desde 2020, através da Portaria ICMBio 110/2020, foi instituído o Núcleo de Gestão Integrada ICMBio Matinhos, que integra a gestão do Parque Nacional de Saint-Hilaire/Lange e do Parque Nacional Marinho das Ilhas dos Currais.