Sonho do diploma esbarra nas dívidas

O número insuficiente de vagas nas instituições públicas de ensino superior faz com que diversas pessoas optem por cursos oferecidos por faculdades e universidades privadas. Porém, para muita gente, os valores cobrados pelas mensalidades são um empecilho. A única saída para se conseguir o tão sonhado diploma acaba sendo a realização de um financiamento estudantil.

Em todo o Brasil, o governo federal – através da Caixa Econômica Federal (CEF) – oferece o Financiamento ao Estudante (Fies), antigamente conhecido como crédito educativo. Através dele, o estudante consegue financiar até 70% do valor das mensalidades de seu curso, com pagamento previsto para depois da formatura, sem período de carência e juros de 9% ao ano.

Entretanto, o número de financiamentos oferecidos pelo governo ainda não atende à demanda, e muitas instituições particulares acabam criando sistemas próprios. É o caso do UnicenP, que há dois anos oferece um financiamento de 50% do valor das mensalidades a até 12% de seus alunos.

Segundo o pró-reitor da instituição, José Pio Martins, o financiamento não cobra juros, mas as parcelas podem ser aumentadas de acordo com a inflação. Assim, os valores sobem para quem ainda está estudando e também para quem já está formado, mas continua arcando com as despesas do financiamento. O sistema oferecido pela instituição não possui carência, isto é, o aluno começa a pagar sua dívida assim que se forma, pelo mesmo período de duração de seu curso.

Outra que oferece financiamento educacional próprio é a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Lá, dependendo da situação, o estudante consegue financiar até 75% do valor das mensalidades do curso escolhido. Assim como no UnicenP, os alunos da PUCPR que fazem o financiamento ficam sujeitos a aumentos relativos à inflação, sem cobrança de juros. Porém, a instituição oferece um período de carência de seis meses para que, depois de formada, a pessoa beneficiada comece a pagar sua dívida.

“Alguns alunos com mais dificuldades acabam pagando parte da dívida com serviços prestados a comunidades carentes dentro de programas sociais mantidos pela universidade. A inadimplência gira em torno de 10%”, comenta o pró-reitor comunitário e de extensão Adilson Moraes Seixas.

Tanto na PUCPR quanto no UnicenP e em outras instituições de ensino superior que oferecem financiamento, os alunos interessados passam por avaliações antes de receber o benefício. Geralmente, eles precisam comprovar renda própria ou familiar e conseguir um fiador. São privilegiados os estudantes que estiverem em situação mais difícil. Na maioria das vezes, a pessoa perde o financiamento em casos de reprovação, desistência e trancamento de curso.

Economista

Na opinião do economista Edson Stein, a melhor opção é tentar pagar o curso superior sem recorrer aos financiamentos, “pois todos eles têm um custo”. Se isso não for possível, o estudante deve procurar um sistema que ofereça a menor taxa de juro possível e que seja dotado de período de carência. “A pessoa pode ficar um tempo desempregada após a formatura ou não conseguir um emprego com renda suficiente para arcar com a dívida”, afirma.

Instituições oferecem bolsas

Além dos financiamentos, algumas universidades e faculdades oferecem bolsas de estudos integrais. Na PUCPR as bolsas são dadas a um número variável de estudantes, de acordo com a situação financeira, podendo ser suspensas em casos de reprovação ou trancamento do curso.

Já na Universidade Tuiuti do Paraná, anualmente, são oferecidas 90 bolsas de 50% dos valores das mensalidades dos cursos. Os benefícios são concedidos pela universidade através do Diretório Central dos Estudantes (DCE). O sistema funciona desde o início deste ano.

“Para receber o benefício, o estudante precisa apresentar uma série de documentos, entre eles comprovante de renda”, explica o integrante do DCE Eduardo Bandelli. “Os candidatos são avaliados por uma comissão do próprio DCE e outra da universidade. Os escolhidos têm direito à bolsa pelo período de um ano. Depois disso concorrem novamente em condições de igualdade com aqueles que tentam o benefício pela primeira vez “

No início deste ano, foram cerca de mil alunos concorrendo às noventa bolsas. A próxima avaliação da Tuiuti está para acontecer em novembro. Os alunos interessados têm até o próximo dia 29 para entregar os documentos exigidos. (CV)

Voltar ao topo