Impasse

Só três operadoras aceitam negociar com médicos

Mesmo depois de várias ameaças de descredenciamento por parte da classe médica, iniciadas em abril do ano passado, até agora, somente três operadoras de saúde aceitaram negociar os reajustes reivindicados para o pagamento de procedimentos médicos. Dessas três, apenas uma, a Fundação Copel, fechou acordo com as entidades que representam a categoria – Associação Médica do Paraná (AMP), Conselho Regional de Medicina (CRM) e Sindicato dos Médicos do Estado do Paraná (Simepar).

O acordo assinado com a Fundação prevê várias cláusulas que pretendem atender a parâmetros estabelecidos na Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM). Desta forma, os médicos vinculados a esta entidade devem ter reajustes graduais para atender a todas as normas deste documento até julho de 2013. Além da Copel, somente duas outras operadoras, Unimed e Amil, se apresentaram para negociação com a categoria até agora.

No caso da Unimed, a negociação “está andando, apesar de ‘tímida'”, conforme avaliação do presidente do Simepar, Mário Antonio Ferrari. Já a Amil fez uma proposta em setembro, considerada ruim pelos médicos, e, desde então, as conversas estão paradas. “A Amil nos procurou no final de setembro, quando fizemos a segunda paralisação, para realizar um acordo, que foi rechaçado por estar muito aquém do mínimo desejado, mas acreditamos que o canal para discussão continua aberto”, avalia o presidente da AMP, João Carlos Baracho.

Devido às dificuldades em conseguir abertura das operadoras para negociar as reivindicações, Baracho vê como positivo o acordo com a Fundação Copel. “Acreditamos que a iniciativa desta operadora pode ser estimulante para as demais”, opina. Todas as operadoras são alvo de três ações civis públicas do Simepar, divididas por área de atuação delas, estabelecimentos de autogestão, empresas de medicina de grupo e seguradoras de planos de saúde. A Unimed, por ser cooperativa, ficou de fora das ações. Com a assinatura do acordo com a Fundação Copel, esta operadora também foi excluída dos processos. Os pedidos judiciais são baseados nas perdas inflacionárias de anos anteriores.

Acordo com a Fundação Copel
A negociação com a Fundação Copel foi encerrada nesta terça-feira (17), quando as entidades representativas médicas e a operadora assinaram o acordo. “Algumas operadoras nos ouviram, outras nos ignoraram, mas a Fundação Copel foi muito sensível e um trabalho em conjunto resultou nesse termo de compromisso, que nos fez chegar a um patamar bastante interessante se comparado com outros estados, incluindo alguns elementos bastante importantes, como um reajuste anual com índice determinado”, comenta o presidente da AMP.

Para ele, outra vantagem do acordo é a mudança na forma de pagamento. “Normalmente, temos uma defasagem de cerca de 60 dias entre o executado e o recebido. Agora, com esse termo de compromisso, teremos um tempo muito mais ágil, que faz com que a classe médica seja valorizada”. Além disso, o próprio valor pago por consulta será reajustado. “Com esse acordo, conseguimos um equilíbrio que ambas as partes estavam buscando. Desta forma, vamos ter um reajuste no valor das consultas, passando para R$ 70, quando o valor anterior era de R$ 53”, expõe o presidente da Fundação Copel, Helio José Pizzato.

A operadora possui cerca de sete mil contratos com médicos, para oferecer atendimento a mais de 40 mil beneficiários, entre empregados, pensionistas e dependentes. Apesar das mudanças nos valores pagos aos profissionais que atuam por meio de convênio com a Fundação, a entidade garante que não haverá aumento nas mensalidades pagas por eles. “A Fundação Copel é uma entidade de autogestão e seus custos são pagos pelos beneficiários e por empresas patrocinadoras, cujas mensalidades já foram reajustadas em novembro de 2011. Para arcar com as mudanças, a entidade deve trabalhar com um redirecionamento de recursos”, explica o diretor de Administração e Seguridade da Fundação, Antonio Sergio de Souza Guetter.