Servidores da saúde em Maringá entram em greve

Os servidores municipais da saúde de Maringá cumpriram a promessa e entraram em greve ontem. Mas o juiz da 1.ª Vara Civil, Mário Seto Takeguma, considerou o movimento ilegal e estipulou multa de

R$ 5 mil por dia caso a ordem seja descumprida pelo Sindicato dos Servidores Municipais de Maringá (Sismmar). A presidente do Sismmar, Ana Paga Munici, disse que vai recorrer da decisão. Os servidores lutam para manter a carga reduzida de trabalho, que vinham fazendo há pelo menos uma década. Segundo ela, 70% dos trabalhadores aderiram à greve, mas a Prefeitura alega que foram menos de 25%.

A confusão de horários começou há cerca de 10 anos, quando o prefeito Said Ferreira fez um acordo informal com os médicos. Como não tinha dinheiro para conceder um reajuste, diminuiu a carga de trabalho em uma hora. Os médicos e dentistas trabalhavam quatro horas diárias e passaram a cumprir apenas três. Já os auxiliares de enfermagem e demais servidores, vivem uma situação parecida. Fizeram concurso para trabalhar 36 horas semanais, cumpriam seis durante a semana, e o restante teria que ser trabalhado nos plantões, aos sábados e domingos. Mas como os postos de saúde são fechados, eles não tinham onde trabalhar e acabaram sendo desobrigados de cumprir toda a carga.

Este ano, o Tribunal de Contas fez uma vistoria na cidade e constatou a irregularidade, obrigando a Prefeitura a resolver o problema. No mês passado, o prefeito Silvio Barros baixou um decreto exigindo que os servidores cumpram a carga completa, que consta no contrato de nomeação. Mas os trabalhadores não gostaram nada da medida, pois os salários continuam defasados. ?É antidemocrática. Se acenassem com a possibilidade de aumento, poderíamos conversar?, diz Ana Paga. Mas o secretário municipal de saúde, Heine Macieira, diz que a defasagem salarial não é exclusividade da categoria.

A situação dos servidores pode piorar. O procurador do município, Laércio Fondazzi, afirmou que o Ministério Público acenou sobre a possibilidade de pedir que os servidores devolvam o dinheiro que receberam indevidamente durante todos esses anos.

A greve

Quem procurou ontem o pronto-socorro do hospital municipal teve dificuldades para ser atendido. Segundo Heine, apenas 30% dos funcionários estavam trabalhando. ?A situação ficou complicada, pois é a porta de entrada para urgências e emergências de baixa complexidade?, disse. No entanto, nos 24 postos de saúde e na Secretaria Municipal de Saúde a situação foi mais tranqüila. Ele calcula que menos de 25% dos funcionários aderiram à greve. No entanto, o sindicato faz um balanço diferente. Ana afirma que dos 1,5 mil servidores, a adesão foi de 70%. Hoje a categoria faz uma assembléia para avaliar o movimento.

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