Servidor público conhece o Paraná em cima de duas rodas

O funcionário público Alisson Alexandre Angiski aproveitou o mês de férias para conhecer o Paraná de bicicleta. Saiu no dia 5 deste mês de Curitiba e retornou ontem. Depois de pedalar 2.215 quilômetros e dormir em 26 cidades diferentes, trouxe na bagagem uma série de histórias para contar e cerca de duas mil fotografias. As belas paisagens, a simplicidade e o carinho do povo do interior foram as coisas que mais chamaram a sua atenção.

Ontem, Alisson terminou de realizar um sonho que cultivava há 10 anos. A Rua XV de Novembro, no centro de Curitiba, foi o ponto de partida e o de chegada. ?Como disse um amigo meu, derrubei os muros de Curitiba. Depois de Campo Magro tudo era novidade para mim, que só conhecia o litoral e parte da Região Metropolitana?, revela. Mas se a viagem foi prazerosa, também exigiu superação. Conta que nos dois primeiros dias, quando seguia pela Estrada do Cerne, quase desistiu. A via íngreme, a chuva e a falta de água aumentaram a dificuldade do percurso, atrasando a viagem em cerca de 40 quilômetros. ?Estava no meio do nada e chovendo e eu precisava cozinhar o arroz para comer. Também levei menos água do que precisava?, lembra.

Mas no terceiro dia ele conseguiu recuperar a quilometragem e dali em diante a viagem seguiu mais tranqüila. Levantava todos os dias às 5h30 da manhã e pedalava 90% da distância estabelecida para o dia. Parava para almoçar e prosseguia até 15h, depois procurava um lugar para descansar. Como é funcionário da Sanepar, acabou ficando em algumas instalações da empresa, além de hotéis e camping. Descansou apenas um dia na cidade de Foz do Iguaçu.

Conta que o que mais chamou a atenção foi a hospitalidade e o carinho com que era recebido pelas cidades onde passava. ?As pessoas cumprimentam, sorriem, ganhei almoço na casa de gente que nem conhecia. Quando parava em algum restaurante, enchia de gente em volta para conversar. Hoje (ontem) cheguei em Curitiba e nem bom-dia ganhei?, compara.

Em vários trechos, só o canto dos pássaros, o barulho de cachoeiras e da própria bicicleta fizeram companhia. Mesmo assim ele não se sentia só. A beleza dos lugares e a sensação de aventura eram a recompensa. ?Cada paisagem é uma novidade. Você não sabe o que tem depois da curva, nem onde vai almoçar ou dormir?, fala.

Mas Alisson não resolveu fazer a viagem de uma hora para outra. Ele planejou a empreitada desde o início do ano. Gastou cerca de R$ 2,5 mil para equipar a bicicleta com três bagageiros para suportar até 20 quilos de carga, que incluíam comida, água e a barraca. Ele também cuidou do preparo físico, desceu 31 vezes ao litoral a fim de se acostumar com a estrada e ganhar resistência para agüentar pedalar cerca 80 quilômetros por dia. Além do dinheiro para equipar a bicicleta, também gastou R$ 1,5 mil com hospedagem e alimentação.

Durante todo o trajeto, só passou medo em duas ocasiões. Conta que pedalava na estrada junto a faixa branca porque não havia acostamento e foi jogado para fora da pista por caminhões que passaram muito perto. Nem a bicicleta deu problemas. ?O pneu furou apenas duas vezes?, diz.

A família acompanhou tudo de longe. ?A minha mãe tinha um mapa igual ao meu e eu dava notícias duas vezes por dia para tranqüilizá-la?, diz. Agora ele vai descansar porque na próxima semana precisa voltar ao trabalho. Mas faz planos para o futuro. ?Quero conhecer o inverno mais ao sul do país?, se anima. O material que juntou durante a sua primeira viagem vai virar exposição para dividir a experiência com outras pessoas. 

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